A saúde é uma das nossas grandes prioridades enquanto seres humanos e é, por diversas vezes, ameaçada pela doença ao longo da vida. Esta é uma preocupação inevitável e um assunto incontornável para a sociedade e para os profissionais do setor.

No Dia Mundial do Doente, que se assinala hoje, dia 11, é obrigatório falar em “doença crónica” e em “multimorbilidade”.  A primeira, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, tem duas caraterísticas fundamentais que dizem respeito à duração prolongada e progressão lenta. A segunda diz respeito à presença de duas ou mais doenças crónicas no mesmo indivíduo. Esta possibilidade aumenta com a idade e é reconhecida como um problema fundamental das sociedades modernas. Um verdadeiro desafio para o doente e para os profissionais de saúde.

Qualquer pessoa, do nascimento à velhice, pode desenvolver uma doença crónica: entre os principais fatores de risco para o seu aparecimento estão o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo. Identificar e tratar precocemente estas doenças tem interferência no prognóstico e na qualidade de vida que se pode assegurar.

Em maio de 2019, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge divulgou um estudo que tinha como objetivo “descrever e caracterizar a prevalência de multimorbilidade em Portugal”. Um dos principais resultados tem a ver com uma prevalência de multimorbilidade de 38,3% e o mesmo é dizer que, em cada 100 pessoas, cerca de 38 têm pelo menos duas doenças crónicas.

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As doenças cardiovasculares – que incluem o coração e o cérebro –, a diabetes, a asma, a doença pulmonar obstrutiva crónica, as perturbações do foro da saúde mental, os cancros e as doenças osteoarticulares são algumas das doenças crónicas mais frequentes.

Cada uma por si só necessita do acompanhamento de profissionais de saúde, de um plano de tratamento e tem o risco de agravamento com necessidade de cuidados de urgência ou de internamento.

Na perspetiva da pessoa com doença, poder-se-á resumir tudo isto a uma perda de qualidade de vida. Mas cada um de nós pode e deve ter um importante papel na melhoria da qualidade de vida.

A estratégia inclui a adoção de comportamentos e estilos de vida que promovam a saúde e previnam a doença. Desenvolver hábitos alimentares em torno de uma dieta mediterrânica, praticar atividade física durante pelo menos 30 minutos durante 5 dias da semana – até um total de 150 minutos – e não fumar são alguns exemplos consensuais e benéficos. Na pessoa sem doença, são medidas que diminuem a probabilidade do seu aparecimento ou ajudam ao seu adiamento. Na pessoa com doença poderão contribuir para atrasar a sua progressão, para além de se manterem como fator de proteção para doenças adicionais.

Ainda integrado nesta estratégia, estar informado e conhecer a sua doença capacita-o para a gerir da melhor forma. O acompanhamento médico regular é de extrema importância de forma a manter a doença controlada e a evitar descompensações.

Assistimos a um novo paradigma da doença que surge e persiste ao longo da vida. Há maior longevidade, há mais doença, mas também há mais conhecimento, mais recursos e mais profissionais de saúde qualificados. Vale sempre mais conhecer a doença do que ignorá-la. Porque mais vale prevenir do que remediar.