Em Viana do Castelo foi construído um edifício que respeitava as regras estabelecidas pela lei e pela autarquia. Os pagamentos devidos foram feitos e as licenças exigidas emitidas. O prédio não é caso único já que era o que se gostava na altura. Se viajarmos de norte a sul de Portugal deparamo-nos com muitos casos semelhantes. Podemos não gostar (apesar de o gosto não se discutir), mas num Estado de Direito, feitos os devidos licenciamentos, os edifícios privados são isso mesmo: privados. Pertencem a quem os comprou. O prédio Coutinho é um caso paradigmático do poder político que se virou contra os cidadãos ao invés de os proteger.

No entanto, e apesar do óbvio, as autoridades não desistem do objectivo de derrubar o edifício. Alegam-se razões estéticas. Razões estéticas. O país fecha os olhos e encolhe os ombros enquanto os poderosos sobrepõem razões estéticas ao direito de propriedade. Ao direito à habitação na casa que se escolheu e que foi devidamente paga. Um dia, quando por razões estéticas alguém disser que o símbolo do PS fica mal na fachada no Largo do Rato e o país fechar os olhos e encolher os ombros saberão de quem é a responsabilidade.

É o que acontece quando nos distraímos com as causas fracturantes, que a maioria das vezes deviam ser aceites e seguir-se em frente. Perdeu-se o discernimento ao ponto das mentiras de Costa serem encaradas como de um mestre e as encenações de Centeno de um génio. Jerónimo de Sousa é visto como um avozinho simpático, Catarina Martins uma política assertiva e quanto a Marcelo Rebelo de Sousa ninguém percebe que não passa de um presunçoso cansativo. Para que a narrativa se mantenha o país precisa de adormecer (o que não é difícil tendo em conta o nosso historial) e para se manter adormecido é necessário que se continue a acenar-lhe a cenoura.

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