Uma nova Era para a Humanidade

Cíclicamente, aparecem tempos de Esperança. Nos anos 60, lembro-me de, em Londres, sair do musical Hair cheio de esperança no futuro. A canção Aquarius anunciava o amanhecer de uma nova Era, sob o signo de Aquarius, que iria trazer paz e prosperidade. E, de facto, assim foi : desde 1970 que as mortes em guerras caem fortemente e atingem, desde 1990, os mais baixos valores de sempre; foi criado o mais solidário, próspero e multicultural projeto mundial – a União Europeia – e o grande crescimento do comércio internacional permitiu o desenvolvimento generalizado de muitos países à escala global.Os últimos anos mostraram, no entanto, que alguns dos velhos paradigmas, que sustentaram no passado o progresso, deixaram de funcionar, o que, em consequência, tem alimentado o pessimismo e a perigosa procura, fadada ao insucesso, de atalhos alternativos a fazer as coisas “como deve ser”, com sabedoria e rigor.

Está na altura de uma nova Era de Aquarius ser perspectivada! Uma Era em que quem vai vingar serão as pessoas de bom carácter, cultas, tolerantes, inspiradoras, generosas, solidárias com os outros e com a ecologia do planeta. A imaginação será a sua força e a tecnologia digital a sua arma.

Superinteligência?

Estamos numa daquelas alturas em que o conhecimento especializado não chega, é preciso interrelacionar áreas do saber e construir, sobre elas, com a nossa imaginação, algo de novo e mais eficaz.

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A Inteligência Artificial (AI) é a ferramenta já hoje disponível para passarmos das utopias à sociedade do conhecimento, de elevada produtividade e bem-estar.

Por um lado, os notáveis avanços dos últimos 15 anos, derivados da Bigdata e da supercomputação, e os que se esperam num futuro próximo não só estão a alcançar inimagináveis avanços nas áreas, por exemplo, da saúde, da robótica ou da produtividade empresarial, como (e mais importante) apontam para que a revolução digital irá chegar a todo o lado através do único supercomputador digital suficientemente poderoso e de uso universal: o telemóvel.

De facto, e como diz Elon Musk,  o telefone é, hoje, o nosso selfdigital, e só falta as pessoas saberem verdadeiramente trabalhar com ele para o tornarem, pelo menos, tão importante como o seu selffísico ou o seu selfespiritual.

No entanto, as oportunidades estão sempre associadas a riscos. E ninguém sabe dizer em que medida os grandes riscos da AI se concretizarão. Hoje, eles são sobretudo relacionados com a intromissão na privacidade, os erros dos algoritmos e a possibilidade de armas autónomas de destruição maciça (e não foi há muito tempo, que Putin disse que quem dominasse a inteligência artificial, dominaria o mundo). Alguns cientistas chegam mesmo a acreditar que no futuro se concretizará a temível ameaça da “singularidade”, em que os robots deixariam de respeitar as ordens e a soberania dos humanos.

Por tudo isto, parece-me muito mais inteligente não ficar à espera do que possa vir e fazer, de imediato, duas coisas.

Em primeiro lugar, em vez de perder tempo com jogos ou em algumas redes sociais, tirar desde já o máximo partido da poderosa AI disponível no seu telemóvel. Por exemplo, ouvir resumos de livros ou relatórios enquanto guia, enviar os emails e as mensagens em menos de um terço do tempo de os dactilografar, ou dominar várias aplicações que lhe pouparão tempo e muito dinheiro.

Em segundo lugar, copiar para a Inteligência Humana, quando possível, os algoritmos que a AI usa hoje com tanto sucesso. Por exemplo, criar uma poderosa base de dados com milhares de dados e registos dos temas de seu interesse, profissionais e pessoais, com os algoritmos adequados que permitam acesso imediato a qualquer desses dados, quando quiser e em qualquer lugar: conhecimento selectivo e consciente é liberdade, e é, hoje ( Y.N. Harari), o principal factor da criação de riqueza.

Se podemos ser já hoje uns cyborgs de elevada produtividade profissional e para a comunidade, ter uma memória e uma inteligência muito maiores do que aquelas com que nascemos, usar a tecnologia móvel digital para alcançarmos já um salto qualitativo no nosso nível de bem-estar individual e colectivo, de que estamos à espera para abraçarmos,com discernimento, a presente revolução digital?