Na semana mundial da continência urinária, de 21 a 27 de junho, devemos falar de um problema de saúde que afeta 20% dos portugueses acima dos 40 anos. Mais: 33% das mulheres acima dos 40 são incontinentes e só 10% recorrem ao médico. Sabendo que a taxa de cura é de 90%, é importante reforçar a importância de procurar ajuda especializada.

A incontinência urinária é caraterizada por perdas urinárias involuntárias, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares. Segundo a International Continence Society, para além de ser um problema de saúde e de higiene, é uma situação com repercussões a nível social e pessoal. Mesmo as mais pequenas perdas têm implicações na qualidade de vida, atingindo o âmbito físico, social, sexual e psíquico, com repercussões a nível emocional.

A incontinência urinária, sobretudo na mulher, é um grave problema cultural. Como a mãe e a avó também sofreram da mesma doença, assume-se como uma herança. Assim, a mulher vai adiando a solução e tenta adaptar o seu dia-a-dia.

Os fatores de risco para o desenvolvimento desta doença podem ser intrínsecos, como raça, predisposição familiar ou anormalidades anatómicas e neurológicas. Podem também ser fatores obstétricos e ginecológicos, como a gravidez, o parto, o número de filhos, os efeitos laterais da cirurgia pélvica e a radioterapia. Existem ainda fatores promotores, como a idade, as comorbilidades, a obesidade, a obstipação, o tabaco, as atividades ocupacionais, a menopausa ou a medicação.

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Existem vários tipos de incontinência urinária, como a de esforço que decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. Neste caso, em alturas de maior esforço, como tossir, saltar, correr, espirrar e levantar pesos, a pressão abdominal aumenta e o problema acontece. Existe também a que acontece por urgência, que ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita e intensa de ir à casa de banho. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência. É uma situação dramática, porque condiciona o dia-a-dia das pessoas. Há doentes que se mantêm sempre atentos ao local onde há uma casa de banho.

Para que se possa optar pelo tratamento mais adequado, tem de se realizar um diagnóstico dos mecanismos e circunstâncias que promovem a incontinência. Após a definição dos sintomas, um exame físico dirigido com pequenas manobras que tentam mimetizar a perda, confere um diagnóstico bastante preciso. Os exames complementares passam por uma ecografia, análises gerais ao sangue e à urina.

Nos últimos anos foram feitas importantes descobertas nesta área. Existem, inclusivamente, formas de incontinência que são tratadas com medicamentos ou técnicas de reabilitação e a maioria das cirurgias quase não implicam internamento.

O tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante na incontinência de esforço, sendo que o tratamento cirúrgico mais utilizado consiste na colocação de pequenas redes, de material sintético, sob a uretra.

Na incontinência por urgência, o tratamento com fármacos orais consegue melhorias sintomáticas na maioria dos doentes. Nos casos refractários à terapêutica oral, ou que não a tolerem, pode recorrer-se à administração de fármacos directamente na bexiga, um procedimento simples e com boa eficácia e segurança.

Pela sua saúde, não adie. Procure ajuda junto do seu médico, que a irá receber com toda a segurança.