É um dever de todos os delegados eleitos, estarem presentes na reunião magna do seu partido. No entanto, esta obrigação estatutária não está em 1º lugar das prioridades dos militantes do CDS, neste momento. O desânimo instalou-se.

Também eu, ponderei não ir. No entanto, o verbo dever acordou-me e, além disso, motivou-me, não só a escrever este texto, como a estar presente no congresso. Dever, como verbo transitivo, integra-se “nos complementos, para adquirir sentido completo”:

1 “Estar obrigado a”

Honrar os que vieram antes de nós. Foi com a lembrança desta máxima, que me decidi a ir ao Congresso do CDS, este fds. Depois do desaire eleitoral de janeiro passado, não nego o choque e a desilusão, muitos de nós no CDS, ficámos como que paralisados. Mas estamos obrigados a reagir.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sobre as razões do desfecho eleitoral já muito foi dito e, infelizmente, muitas vezes com discursos revanchistas por um lado, e por outro, desculpabilizantes. Não irei contribuir para esse debate, neste momento. É um dever deixar a poeira deve assentar, pois a verdade, já se sabe, é como o azeite.

Estamos obrigados a falar do futuro.

2 “Estar reconhecido (a alguém) por”

No entanto, não se deve falar de futuro sem honrar o passado. É, pois, necessário, reconhecer e aplaudir aqueles que, durante uma pandemia e em condições financeiras ao nível da penúria, lutaram pelo CDS, sem rasgar os princípios fundadores do nosso partido.

Estou reconhecido a Francisco Rodrigues dos Santos, Filipe Anacoreta Correia, Francisco Tavares

3 “Ser necessário”

É, necessário, enaltecer os resultados obtidos nas regiões autónomas e nas eleições autárquicas.

O CDS só terá futuro se não colocar no pelourinho, cada direcção cessante. Assim, no Domingo, e porque nenhuma moção apresentada apela ao rasgar da carta de princípios do CDS, irei aplaudir o novo presidente. É necessário que todos o façam.

4 “Ser provável que”

Não o desejo, mas é provável que a vontade de vingança venha a ensombrar este congresso. Se tal vier a acontecer, o CDS perde mais uma – talvez a última – oportunidade.

Por fim, o dever moral como princípio ético

Em termos sociais, a ideia de dever resulta da necessidade que uma comunidade – neste caso, um partido – tem de se organizar. O dever moral de honrar todos os que deram e dão o seu melhor pelo partido, impediu-me e impede-me de sair só por não gostar do estilo, da forma de vestir, ou de outra qualquer característica pessoal dos passados e futuros membros da direcção, como foram as aventadas por aqueles que, recentemente, abandonaram o CDS.

Se o perdão é uma obrigação para os cristãos – assim como o mea culpa – a memória é uma condição dos não destituídos. Chamar de volta quem apelou a favor de outros partidos, não é honrar os fundadores. Esses, os que saíram em ano de eleições, não cumpriram o dever de solidariedade para com o partido que, em muitos casos, foi o único responsável pelo seu sucesso/protagonismo em Portugal.