Perdemos até agora mais de 700 compatriotas por Covid-19 e Eduardo Ferro Rodrigues propõe celebrar os cravos na Assembleia da República com festa de arromba.

Nunca na nossa história democrática houve tanto desrespeito pela dor dos portugueses. Que respeito tem por nós Eduardo Ferro Rodrigues para, do seu pedestal, gritar ditatorialmente abril e promover festejos com centenas de pessoas, quando há uma pandemia em curso que nos proíbe de enterrar os nossos mortos e de fazer o nosso luto?

Nunca na nossa história democrática houve tanta falta de moral para impor decisões. Que moral tem Eduardo Ferro Rodrigues para, do seu pedestal, gritar ditatorialmente abril e propor ajuntamentos quando, em face do decretamento do estado de emergência, estamos obrigados a ficar em casa e a isolarmo-nos socialmente?

Nunca na nossa história democrática se viu pior exemplo de pluralismo. Que cultura democrática tem Eduardo Ferro Rodrigues para, do seu pedestal, gritar ditatorialmente abril e vir repreender deputados que legitimamente e de forma elevada se opuseram a esta proposta?

Que igualdade quer fazer passar Eduardo Ferro Rodrigues quando, do seu pedestal, vem gritar ditatorialmente abril, mas viola o distanciamento social numa altura em que estão proibidos eventos de culto que impliquem aglomeração de pessoas?

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Com esta comemoração que infringe grosseiramente a lei, a Assembleia da República que nos representa a todos, dá o pior exemplo de sempre.

O exemplo vem de cima – “Faz o que eu digo e faz o que eu faço” – e este deveria ser o lema de um líder, mas infelizmente a segunda figura do Estado português não só falha o exemplo como incita ao desrespeito pela lei, o que aponta uma deriva perigosa à democracia portuguesa.

É tempo de Eduardo Ferro Rodrigues perceber que a liberdade não se impõe, a liberdade respeita-se.