Em Julho, a propósito do acidente com o carro do Ministro Eduardo Cabrita, escrevi isto: “É óbvio que Eduardo Cabrita não tem culpa do acidente. Não era ele que ia a conduzir, ocupava apenas o lugar do borrifa no morto. Ninguém lhe pode levar a mal a falta de marcas de travagem na estrada. O que as pessoas estranham é a falta de marcas de travagem nas cuecas de Cabrita. Isso, sim. O seu carro passa uma pessoa a ferro e Eduardo Cabrita nem vacila, mantém o controle absoluto sobre a situação e sobre o esfíncter. Está-se a marimbar para o cadáver. Não há vestígios de preocupação. Nem na roupa interior, nem no comunicado oficial”.
Não foi um dos meus melhores momentos, admito. Pressionado por falta de tempo e de imaginação (perífrase para “pouco profissionalismo”), não resisti a recorrer à derradeira ferramenta do humorista, a falácia reductio ad cocó. Quando não se tem nada de engraçado para dizer sobre um tema, fazem-se chistes com fezes. Funciona sempre, principalmente com bêbados e com crianças. Com crianças bêbadas, é curioso, não faz tanto sucesso.
Não voltei a pensar nisso, até agora. Quem havia de dizer que, passados 4 meses, a GNR, talvez padecendo da mesma preguiça que me assola, traria a matéria fecal para a frente da investigação? Que pontaria. Sinto-me um Marques Mendes do excremento. Tinha certeza de que, mais cedo ou mais tarde, este caso ia dar merda.
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