E quando já ninguém acreditava que ela ainda tivesse algum move na manga capaz de nos surpreender, eis que a Dra. Graça Freitas dá mais uma daquelas suas guinadas violentíssimas — com consequências irreparáveis ao nível da ciática, estou convicto —, avançando para a vacinação de toda a miudagem entre os 12 e os 15 anos e contradizendo o que havia referido escassos dias antes. Vai-se a ver e, afinal, é mesmo absolutamente necessário vacinar contra a Covid jovens sem qualquer espécie de maleita, para os quais o risco da doença está ainda mais perto de zero do que a credibilidade das autoridades de saúde do nosso querido Portugal.

Portanto, a ver se eu percebi bem. Os jovens têm um risco quase nulo de contrair problemas graves devido à Covid. E os adultos estão vacinados. Ainda assim, os jovens também têm de ser vacinados. Para proteger os adultos. Que, por sua vez, já estão vacinados. Sim, mas e se a vacina não for assim tão eficaz a proteger os adultos? Então, mas se há dúvidas sobre a eficácia da vacina, para que é que estamos a vacinar os jovens? Que, ainda por cima, não precisam da vacina para nada. Creio serem tudo estupendas questões. Para as quais, lamento, mas não será aqui que encontrarão respostas.

Enfim, recordam a expressão “Os jovens são o futuro”? Recordam, não é? Só que isso era no passado. No presente, a máxima que se impõem é, antes, “Os adultos são o vexame”. Isto porque é mesmo muito provável que, em tempo algum, adultos tenham imposto riscos desnecessários às crianças — como dar-lhe a vacina da Covid — para se protegerem, a si próprios, de hipotéticas, e muitíssimo pouco letais, maleitas. Mas que subida honra esta, a de ser um homem crescido nos dias que correm.

Agora, atenção. Se a ideia é injectar substâncias nos organismos dos petizes com o único propósito de deixar os adultos sossegados, porquê ficar pela mera injecção da vacina contra a Covid? Acho perfeitamente viável ir mais longe ao nível do contributo que os catraios podem dar para que os adultos fiquem bem mais tranquilos. Um mero exemplo. Porque não tornar obrigatória, para todos os adolescentes, uma injecção semanal de anestesia de dentista? Daquelas que deixam a boca à banda dias a fio. Já viram o acréscimo de bem-estar que tal proporcionaria a todos nós, adultos? Imaginem os putos não conseguirem articular duas palavras seguidas durante toda a adolescência. Eia, o que isto nos poupava de ideia parvas, pedidos estapafúrdios e remoques insolentes. Tumba, hoje vou sonhar com o dia em que a DGS aprovará esta medida.

Bom, mas em nome do rigor e da verdade — meus inseparáveis companheiros de jornada — convém esclarecer que esta mudança de opinião da Dra. Graça Freitas, no sentido de vacinação universal dos jovens entre os 12 e os 15 anos, foi solidamente fundamentada. E não, não me refiro aos três supostos estudos científicos que a imprensa garante terem estado na base da mudança de orientação da DGS. Mas quais estudos científicos? Quem é que quer cá saber de estudos científicos para alguma coisa? Eh pá, quando o nosso Comandante Supremo das Forças Hipocondríacas, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que é para vacinar os putos a eito, toca a por o braço à mercê da seringa, molecada. E sem fitas, ou ainda apanham por cima.

Mas pronto, diz que é sempre possível ver as coisas de uma perspectiva optimista. A mim, a única que me ocorre neste momento é a de que, pelo menos, não estamos em Cabul. Embora se, por hipótese, estivesse em cima da mesa termos de optar entre Portugal ser governado por um executivo talibã, ou, em alternativa, termos como Presidente da República Donald Trump, ainda o diabo não tinha sequer pensado em esfregar um olho e já o Bloco de Esquerda tinha seleccionado a opção 1.

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