No dia 26 de fevereiro de 2020, o jornal Observador teve a gentileza de publicar um artigo da minha autoria que tinha por título “Os inúteis” e se referia ao PAN. Quero aqui pedir desculpa ao caro leitor, cometi um erro, subestimei o PAN. Este partido não é apenas inútil, é também perigoso, felizmente ficou reduzido a uma deputada, infelizmente viu juntar-se-lhe outro deputado igualmente perigoso, Rui Tavares, do Livre. Por detrás de toda aquela prosa sobre ambiente, ecologia e direitos dos animais está, na verdade, um ódio ao nosso modo de vida, associado a um populismo desmedido embrulhado em boas intenções para incautos.

Vamos por partes, Patrícia Gonçalves do Livre (que ironia, o nome deste partido) quer ensinar-nos o que é melhor para nós, e para esta vereadora da Câmara de Lisboa o melhor para a nossa vida é passarmos a circular a “70 km/hora nas vias estruturantes, enquanto nos eixos internos com maior fluxo passaria a aplicar-se o limite de 40 km/h. Nas restantes vias, o limite seria de 30 km/hora”. A esta senhora pouco importa o inferno em que transformará a vida de milhares de lisboetas, nem o impacte económico deste absurdo, porque ela sabe o que é melhor para nós. E provavelmente, como é vereadora, terá uma qualquer excepção e circulará à velocidade que bem entenda. Esta proposta não tem por trás estudo, avaliação de consequências ou discussão com peritos, nada. Parece que um dia a senhora vereadora acordou e decidiu chatear os que com ela partilham a cidade.

No dia 24 de Maio o parlamento discutiu uma proposta do PAN que pretendia copiar a mais recente bizarria da extrema-esquerda espanhola. Passo a explicar, o PAN quer que seja atribuída às mulheres que sofram de dores menstruais uma licença de três dias paga a 100% pela segurança social, ou seja, com os impostos de todos nós. Antes do mais convém explicar à senhora deputada que o seu papel não é copiar todos os disparates que se fazem aqui ao lado. Se parasse um pouco para pensar, chegaria à conclusão que:

  1. Aquilo que propõe é profundamente discriminatório. Por que razão os homens por não menstruarem não podem ter acesso a estes três dias de “baixa” pagos a 100%?
  2. Esta discriminação prejudica ainda mais as mulheres. Obviamente os empregadores pensarão duas vezes antes de contratar uma mulher, e preferirão contratar um homem, sabendo que este, por não ter direito a esta licença, faltará menos vezes.

As boas intenções destes partidos esbarram sempre numa coisa, a realidade. No mesmo dia em que esta proposta do PAN era discutida no parlamento, soubemos que Portugal confisca 41,8% do rendimento dos cidadãos, ou seja, a carga fiscal sobre o trabalho subiu para 41,8% no ano passado, tornando o país “o décimo da OCDE onde a quantidade de impostos e contribuições sociais mais pesa no total dos custos de trabalho.

Um país que asfixia desta forma empresários e trabalhadores por conta de outrem está condenado à pobreza e à emigração e uma classe política que se entretém a discutir licenças menstruais enquanto o país caminha alegremente para conquistar o troféu de país mais pobre da União Europeia não merece adjetivação. Os portugueses em geral, e as mulheres em particular, não mereciam isto.

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