Na última semana assistimos a um rol de declarações na comunicação social por parte de Inigo Pereira (Presidente da União de Freguesias de Carnaxide e Queijas), Francisco Rocha Gonçalves (Vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras) e Armando Soares (Vereador na Câmara Municipal de Oeiras).

Os três têm em comum o facto de serem militantes do PSD Oeiras, terem concorrido às últimas eleições autárquicas pelo Movimento “Independente” de Isaltino Morais, e incorrerem na sanção disciplinar de expulsão do partido durante 5 anos.

Uma expulsão que tentam desesperadamente reverter lançando a confusão junto da opinião pública e apelando até (imagine-se) à ingerência do futuro líder do PSD, Luís Montenegro, em processos de matéria jurisdicional. Felizmente o líder eleito do PSD é um homem sábio e saber-se-á manter devidamente distanciado.

Não me querendo alongar sobre este assunto, até porque o mesmo deveria estar cingido ao foro interno do partido, obriga-me o sentido de dever para com todos os militantes do PSD Oeiras, exercer o direito de reposição da verdade no que diz respeito a um ponto muito concreto: a reunião da Comissão Política do PSD de Oeiras, ocorrida a 29 de Março de 2021, em que alegadamente teria sido votado de forma consensual, espontânea e unânime o apoio à candidatura do Dr. Isaltino Morais.

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Vamos ser claros: esta narrativa não reflecte a realidade do que verdadeiramente aconteceu.

Nesse dia a Comissão Política do PSD de Oeiras foi convocada para uma reunião onde foi informada por Armando Soares, (à data Presidente do PSD Oeiras) e por Ângelo Pereira (Presidente da Distrital de Lisboa) que:

  • A Comissão Política Nacional estava, naquele preciso momento, a deliberar sobre o apoio do PSD ao Dr. Isaltino Morais, e que haviam três cenários em cima da mesa:
  1. O PSD avançaria com um candidato próprio à CMO;
  2. O Candidato do PSD seria o Dr. Isaltino Morais;
  3. O PSD não apresentaria candidaturas e apoiaria o movimento do Dr. Isaltino Morais.
  • Que, de acordo com os estatutos do PSD, a última palavra na escolha do candidato à Câmara Municipal de Oeiras nunca seria da concelhia, mas sim da Comissão Política Nacional, pelo que de nada valeria o PSD Oeiras tomar uma posição contrária.
  • Que a decisão da Comissão Política Nacional seria irrevogável, e que se pedia ao PSD Oeiras, por uma questão de lealdade e de solidariedade para com a liderança nacional, uma manifestação clara e inequívoca de apoio a qualquer que fosse a decisão final emanada da São Caetano à Lapa.
  • E por fim que, por intermédio de Armando Soares (se as minhas notas não me atraiçoam, o que será fácil de verificar, dado que a reunião estava a ser gravada pelo anfitrião da mesma), “A comissão Política Nacional do PSD, eram cerca das onze da noite, tinha entendido que a concelhia poderia votar o apoio ao Isaltino Afonso de Morais para a Câmara Municipal de Oeiras e que, nesse sentido, a concelhia votando e chegando às suas conclusões iria submeter processualmente esse nome a sufrágio na Comissão Política Distrital que, como mandam as regras, depois enviará essa decisão para a Comissão Política Nacional, decisão essa que será aprovada. E naturalmente como eu confio em vocês, vocês também confiam em mim e nas minhas informações.”

E porque confiámos, decidimos apoiar, de forma unânime, uma suposta decisão oficial da Comissão Política Nacional.

Fizemos bem? Provavelmente não porque infelizmente, apesar de ter sido pedido máximo sigilo a toda a comissão política, nessa mesma madrugada já os media noticiavam que “a estrutura do partido em Oeiras formalizou o apoio à candidatura independente de Isaltino Morais, abdicando de apresentar um candidato próprio”, imputando à Comissão Política do PSD Oeiras o ónus e a autoria da decisão, quando tal não correspondia à verdade.

Curiosamente até hoje nunca se soube se essa notícia foi parar aos jornais por obra do acaso ou graças a artes de adivinhação. No, entanto, passados todos estes meses e juntando algumas peças, é inevitável colocarmos a seguinte questão: terá tudo isto sido uma encenação para tentar condicionar e manipular a opinião pública e os órgãos nacionais do Partido?

Provavelmente nunca o saberemos, mas a verdade é que a Comissão Política Nacional do PSD, ao contrário do que nos havia sido assegurado, acabou por decidir (e bem) mais de um mês depois avançar com um candidato próprio, e nessa altura todos tivemos a oportunidade de escolher (em liberdade) entre continuar a defender as cores PSD, ou seguir um caminho diferente e protagonizar outra solução política.

Destes últimos, há pessoas por quem tenho a máxima estima e consideração e que assumiram imediatamente, com enorme sentido de responsabilidade, as consequências das suas próprias decisões. Pessoas destas fazem falta na política! Outros há que, lamentavelmente, parecem não ter a mínima noção ou decoro… nem sequer para com todos os Oeirenses que neles votaram acreditando que pertenciam, de facto, a um movimento independente.

Agora, comecemos é a pensar, a falar e a criar o Futuro, pois é apenas isso que importa! E o futuro do PSD de Oeiras só pode estar nas mãos, claro está, daqueles que cá ficaram.