As derrotas do PS em Lisboa, Coimbra, Portalegre e no Funchal são uma boa notícia porque o PS  achava que podia governar de forma impune; sem consequências. Afinal estas existem. Mas punir quem governa mal não basta. É preciso mais. São precisas alternativas ao socialismo e essas, se nos detivermos no que se passa à direita do PS ainda estão longe de se concretizar.

A estratégia de governo do PS é simples: distribuir os fundos do PRR. Como é natural essa distribuição é para ser feita dentro do Estado. Algumas empresas também poderão ter acesso a algum dos dinheiro que virá de Bruxelas desde que preencham os critérios pré-estabelecidos pelo poder político. Num Estado de Direito é difícil encontrar uma economia mais dirigida que a nossa.

As políticas socialistas aplicadas desde 2015 têm como resultado o prolongar da estagnação económica. Tirando o crescimento que se espera com o fim da pandemia e que mais não é que a reposição gradual do que existia antes, não há muito mais margem para crescer. No entanto, se olharmos para a forma como Rui Rio se opõe à governação socialista também não há muito margem para uma alternativa que não seja mais que uma mera alternância.

Desde do surgimento da geringonça que entendo que a direita se deve unir. De preferência (e se possível) fundindo-se num novo partido. Apenas através de uma aliança do PSD com o CDS e a IL é possível destronar o PS e impedir a formação de uma nova geringonça. Mas chegar ao governo não basta. É preciso apresentar um projecto alternativo; é indispensável que 4 anos depois o país esteja melhor: que a dívida pública nominal seja reduzida; que se consigam verdadeiros excedentes orçamentais (verdadeiros por derivarem de uma reforma do Estado, de um entendimento de quais devem ser as prioridades do Estado e não meramente das cativações na saúde e na educação, como fez o PS com o apoio do PCP e do BE); que se faça uma reforma do sistema eleitoral que aproxime os eleitores dos eleitos e quebre a descrença que os cidadãos têm na governação.

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Chegar ao governo sem um programa claro é meio caminho andado para se ficar prisioneiro da agenda da esquerda. É cair na teia das explicações infrutíferas como resposta a acusações sem nexo nem qualquer correspondência com a realidade. É chegar ao fim da legislatura com pouco que justifique a sua continuidade porque mais nada se fez além de gerir crises.

Infelizmente, e por muito que seja necessária uma união dos partidos de direita, esta ainda não se vislumbra no horizonte. O PSD tem uma direcção que diverge do PS apenas na forma certas políticas devem ser concretizadas, não da visão que têm do país. O CDS anda perdido na busca pela sua identidade e a IL (o único dos três devidamente alerta para terríveis consequências da governação socialista) não tem dimensão para convencer o PSD que o caminho traçado por Rui Rio está errado.

Enquanto os partidos de direita não se entenderem o PS só sai do governo se quiser. É verdade que Carlos Moedas conseguiu derrotar o PS e será o novo presidente da Câmara de Lisboa. Mas também não é mentira que tal sucede porque a lei autárquica não permite que Medina faça a Moedas o que Costa fez a Passos Coelho. Isto significa que o tipo de vitória que a direita obteve em Lisboa não se repete nas legislativas. Para uma maioria no Parlamento vai ser preciso muito mais entendimento e boa vontade de todos os partidos que se encontram fora da área socialista. Muito boa vontade, mas também muito trabalho. Ir para o governo para falhar não serve.