É bom ser apelidado de fofinho por ter atitudes cristãs. É bom ser chamado fofinho por não incentivar o ódio aos ciganos ou a outra raça qualquer praticando o que Cristo nos ensinou para aqueles que têm Fé como eu.

Em Oeiras sempre promovi um trabalho social junto da comunidade cigana, fosse por intermédio da paróquia da Igreja da Cruz Quebrada ou fosse através do Movimento Oeiras Vive (MOV) de que fui fundador em 2012.

As duas famílias ciganas que predominam no Concelho de Oeiras onde cresci são os Ramos e os Silvas. Por curiosidade, as relações entre ambas as famílias não são as melhores mas em todo o percurso cívico que tive nesta terra do Marquês de Pombal posso dizer que a comunidade cigana com quem sempre interagi em criança, fosse no Jamor onde viviam em “Barracas” no local onde o elétrico da Carris nº 15 acabava o seu percurso, fosse mais tarde no Bairro de Outurela em Carnaxide, sempre demonstrou a maior cordialidade para comigo. Tanto em criança no Jamor na Cruz Quebrada como em adulto na Outurela em Carnaxide.

No entanto até assumo, tal como a maior parte das pessoas, que existe um problema de integração com esta comunidade, mas não compreendo como existam cristãos que enveredam por um discurso de ódio e de preconceito com a comunidade cigana. A preferência dos meus pais em ir às compras à feira de Algés era algo natural e que desde o meu imaginário de criança fez com que visse na comunidade cigana o “dom” para o negócio e a simpatia na sua postura comerciante.

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Há que compreender que cada comunidade tem uma História e muitas das dificuldades de integração nos dias de hoje não faz de cada cigano um criminoso. É engraçado ver que esta nova direita diz não querer saber da História. É lamentável pois o crime está em condenar os ciganos pelos problemas de insegurança ou por alguns problemas que hoje Portugal sofre. Até me custa compreender que alguém que acredite em Deus se deixe convencer por este discurso do novo partido político chamado CHEGA.

O exame de consciência de cada cristão não está só nas ações que toma no dia a dia, está também nas opções que escolhe para o nosso país e que possam promover o ódio, o preconceito e a discriminação.

A comunidade cigana, para quem não a conhece, tem os sentimentos de solidariedade para com os seus amigos. Engana-se quem acha que a solidariedade desta comunidade é só aquela que existe dentro dela própria e que tem a sua face mais visível numa urgência de um hospital, num casamento, num funeral ou à porta de um tribunal.

A comunidade cigana é solidária para quem é solidário com ela, esta é uma herança que os novos aventureiros da extrema direita esquecem propositadamente.

Oxalá não lhes faça falta um dia e a realidade lhes prove o contrário.