A 31 de maio comemora-se o Dia Mundial sem Tabaco, iniciativa da Organização Mundial da Saúde para sensibilizar sobre os efeitos prejudiciais do seu uso. Fumar prejudica quase todos os órgãos do nosso organismo e está demonstrado que os fumadores têm um aumento da mortalidade em comparação com os não fumadores.

O tabaco está muito relacionado com o desenvolvimento do cancro do pulmão, que foi responsável em 2020 por quase 1,8 milhões de mortes a nível mundial, sendo de longe a principal causa de morte por cancro. Em Portugal foram diagnosticados mais de 5 mil novos casos nesse ano, sendo o tabaco considerado responsável em cerca de 85 a 90% dos casos.

O risco de desenvolver a doença para um fumador de um maço/dia durante 40 anos é aproximadamente 20 vezes superior relativamente ao não fumador, aumentando este risco com a duração do número de anos e número de cigarros fumados. Outro fator associado ao aumento do risco inclui a exposição ao fumo passivo, representando 2,7% dos novos casos.

Uma questão frequentemente colocada é se vale a pena deixar de fumar mesmo ao fim de muitos anos. Está provado que há sempre benefício em qualquer altura para parar de fumar. Além do ganho para a saúde a outros níveis, o risco de poder vir a ter cancro do pulmão vai diminuindo progressivamente. E mesmo nos doentes com cancro do pulmão já diagnosticado, deixar de fumar deve ser altamente encorajado já que continuar a fumar está associado a um pior prognóstico, além de poder interagir com os tratamentos.

Nunca é tarde para abandonar o tabagismo e o acompanhamento em consulta especializada contribui para aumentar a probabilidade de sucesso da cessação tabágica.

Deixar de fumar reduz significativamente o risco de cancro do pulmão e quanto mais cedo o fizer menor é a probabilidade de ter cancro. Contudo, não podemos deixar de referir que a deteção precoce é fundamental, já que pode permitir um tratamento com maior probabilidade de ser bem-sucedido.

O diagnóstico de cancro do pulmão é efetuado a maior parte das vezes no doente com sintomas e já numa fase em que a doença se encontra mais avançada, o que se torna num obstáculo para um tratamento mais eficaz.

Assim, um aspeto importante reside na necessidade de diagnosticar a doença em fases mais precoces, quando ainda não causa sintomas. Dados internacionais publicados demonstraram uma redução da mortalidade fazendo rastreio através de Tomografia Computorizada (TAC) de baixa dose de radiação e nesse sentido, várias sociedades científicas recomendam-no para populações de risco, como fumadores de longa duração ou ex-fumadores, entre os 50 e 75 anos de idade.

Neste sentido, a CUF Oncologia tem disponível um Programa de Deteção Precoce de Cancro do Pulmão, com o objetivo de identificar o cancro em fases iniciais, e consequentemente aumentar as hipóteses de sobrevivência. Depois de diagnosticado, o tratamento do cancro do pulmão é individualizado para cada doente dependendo do tipo de tumor, tamanho, localização e doenças associadas.

A evolução nos tratamentos veio contribuir para alterar o paradigma do tratamento desta doença. A identificação nos últimos anos de alterações genéticas nas células tumorais permitiu o uso de terapêuticas dirigidas, mais bem toleradas, com menos efeitos secundários do que a quimioterapia tradicional e com ganhos muito significativos tanto na qualidade como no tempo de vida.

Nunca é demais relembrar que um diagnóstico rápido e preciso pode fazer a diferença. Mais vale prevenir que remediar.

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