A escolha dos candidatos a deputados e a sua ordenação nas listas deu uma grande celeuma neste verão sobretudo no PSD por duas razões óbvias. A primeira é aritmética. Indicando as sondagens uma descida de votos no partido, escasseiam os lugares elegíveis. A segunda é política. Rui Rio naturalmente que deseja um grupo parlamentar alinhado com a sua visão para o partido e trabalha para manter a sua liderança. Em contrapartida aqueles que estiveram por detrás de Montenegro na luta pela liderança do PSD, ou que se posicionam autonomamente, querem também estar representados.
A questão que me interessa particularmente é outra. Como seria a seleção de candidatos se tivéssemos um novo sistema eleitoral, um sistema misto de representação proporcional personalizada (SMRPP), inspirado no modelo alemão (algo que a Constituição hoje já permite) com a possibilidade de votar em candidatos e em partidos? Existe um grande desconhecimento em relação aos sistemas eleitorais, não só pelos cidadãos, mas por políticos experimentados.
Precisamente para ajudar a esclarecer a temática, o Institute of Public Policy (IPP) organizou um seminário sobre a reforma dos sistemas eleitorais que deu origem a um livro. Posteriormente, organizei na Assembleia da República, com o IPP e a presença de um académico alemão (Florian Grotz), e vários académicos nacionais (Pedro Magalhães, Marina Costa Lobo e outros) e líderes ou representantes dos vários partidos políticos um debate sobre o sistema eleitoral alemão. Portugal é hoje dos raríssimos países na Europa em que os cidadãos só podem votar em partidos políticos. Quer o PS, quer o PSD no passado e no presente, têm defendido a reforma do sistema eleitoral, no sentido de permitir o voto, em partidos e candidatos, mas com modelos diferentes (o PS há muito que defende o SMRPP, o PSD tem defendido o voto preferencial em lista). Adicionalmente o PSD tem insistido na redução do número de deputados dentro dos limites constitucionais (entre 230 e 180) o que tem inquinado o diálogo e obstado a qualquer compromisso. Também na academia tem subsistido uma divisão entre especialistas que defendem cada um dos sistemas.
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