Acredito que não haja um caminho típico na área de tech. Olhando para minha carreira, vejo que tomei decisões sobre a direcção em que queria ir, mas também fiquei atenta às oportunidades que se abriam no caminho. Meu exemplo é provavelmente um em muitos, mas como segui uma rota um pouco diferente, achei interessante partilhar a minha experiência para que outras mulheres em diferentes backgrounds considerarem tecnologia.

Nos últimos 20 anos trabalhei com Information Management (IM), Knowledge Management (KM), Information Technology (IT), Sistemas e Operações. Embora sejam papéis relacionados com a tecnologia, o que realmente me interessou foi o envolvimento com os stakeholders. Com tempo e experiência, liderei e desenvolvi visões e estratégias incluindo a gestão de mudanças, processos de negócios, programas, orçamentos e pessoas.

Escolhi estudar arquitetura e urbanismo com 17 anos, provavelmente influenciada por um casal de tios arquitetos que construíram a casa dos meus pais no Brasil quando eu tinha 8 anos. Foram 5 anos de faculdade, estudando matérias diversas, de fine arts a Computed Aided Design (CAD). Trabalhei independentemente como arquiteta em São Paulo por pouco tempo antes de me mudar para o Reino Unido em 1998.

Em 2000, já vivendo em Londres, comecei a trabalhar na área de gerenciamento de informações aplicada a construção e arquitetura. Por quase 10 anos, desenvolvi meu conhecimento e criei oportunidades no The Building Centre e no Royal Institute of British Architects (RIBA). Durante esse período, decidi voltar a estudar pois sentia falta da parte acadêmica e da pesquisa aplicada. Negociei para que o meu mestrado fosse patrocinado, aproveitando para relacionar a maioria dos estudos de caso ao meu papel na empresa. O tema da minha tese final focou no gerenciamento de conhecimentos em escritórios de arquitetura.

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No RIBA, fui parte da equipa multidisciplinar do projeto CarbonBuzz – uma plataforma online para benchmarking de dados de energia e carbono em edifícios, do design à operação. Colaborei com vários profissionais, e dali surgiu uma oportunidade para trabalhar na Aedas, um escritório de arquitetura e design internacional. Foi uma experiência incrível trabalhar como coordenadora de pesquisa e desenvolvimento (P&D) diretamente em projetos de Modelação Avançada e Sustentabilidade, e Design Computacional. De alguma forma criei o meu próximo passo dentro da mesma empresa, como Head of Global Knowledge fiz a orientação estratégica para o negócio (Américas, Europa e Ásia) em todas as iniciativas relacionadas com a gestão do conhecimento e da liderança do pensamento.

Depois de quatro anos, estava novamente à procura de mais um desafio profissional. Foi assim que comecei na Argent LLP, um promotor imobiliário envolvido em todo o processo de desenvolvimento – desde identificar e preparar sites, desenvolvimento e gestão de projetos de construção, gerenciamento e manutenção de edifícios e propriedades. No total foram quase sete anos. Iniciei como Diretora e liderei o planejamento e implementação da estratégia de Information Management para o projeto de regeneração de King´s Cross, em Londres, e para funções corporativas da Argent. Depois de três anos e meio, minha responsabilidade ampliou envolvendo estratégias e equipas de IM e também de IT. Com a maturidade de King´s Cross, a minha responsabilidade mudou mais uma vez e o foco passou para Digital Masterplan and Smart Strategy, incluindo tecnologias digitais e sistemas inteligentes.

Entre 2014 e 2017 voltei a estudar, desta vez uma Master of Business Administration (MBA). Em Abril 2019, deixei a carreira de tech e comprei uma franchise de yoga para crianças na Inglaterra. No começo de 2020… a pandemia começou e com ela a mudança planejada para o Porto/Portugal, devido a uma oportunidade de carreira para o meu marido. E assim, em 2021, voltei para a área de tech como Senior Technology Consultant – Workplaces na equipa da adidas global Tech, e todo aquele ´buzz´ que sentia antes voltou. As oportunidades em tecnologia são muitas ao longo do caminho, precisamos estar atentas e prontas para agarrá-las.

Anna Gagliano é Senior Technology Consultant – Workplaces, adidas TECH, Porto Tech Hub. Tem um diploma em Arquitetura e Urbanismo, bem como um Mestrado em Gestão de Informação e um Mestrado em Administração de Empresas (MBA).

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.