Quando somos capazes de nos colocar no lugar do outro, ganhamos. Fomentamos solidariedade, ampliamos o nível de compreensão, tornamo-nos empáticos.

A empatia é uma qualidade psicológica que nos permite abarcar e entender efectivo e afectivamente aquilo que o outro nos descreve, do que está a sentir. Não precisamos de nos atirar a um poço para nos aproximarmos da sensação de angústia que tal acarreta. Sem nos confundirmos com o outro, podemos perceber o sofrimento em relação aquilo que o outro sente perante dada situação de vida, aspecto emocional que se encontra internamente a viver.

Em psicologia, fazer uso da capacidade empática é ferramenta indispensável.  E, claro está, que não é preciso ter passado pelas mesmas experiências narradas para compreender profundamente a ressonância afectiva das experiências partilhadas. Fora da actividade clínica, usar deste tipo de sensibilidade empática, faz-nos nutrir mais a nossa humanidade. Faz-nos ver para além do nosso ponto de vista. Possuir múltiplas perspectivas. Ser menos egoísta e mais altruísta.

Algumas pessoas lidam mal com o desconhecido e o diferente. E são preconceituosas com o não convencional e fora da sua realidade habitual. Como tal, acomodam limitações a olhar para além de uma atitude consideravelmente parcial e facciosa. Caso para perguntar qual o lugar da curiosidade em conhecer mais sobre os outros e diferentes vivências?

Não ver para além do seu umbigo, incorre no perigo da intolerância, e em alguns casos, da discriminação. O que daí decorre é uma panóplia de situações arbitrárias de segregação. Apontar o dedo ao outro não deveria ser atitude tão prosaica. Inadvertidamente, assistimos a tantas opiniões prepotentes sobre os outros, sobre o que fizeram mal e o que deviam ter feito “bem”, a tantas críticas com falta de conhecimento sobre o todo das condições da vida de cada um e o que passam, sobre o que eventualmente sofrem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Seria um mundo (humanamente) mais rico se todos fossemos capazes de fazer mais uso de certa atitude empática. E há a reconhecer que para tal não é necessário ser simpático. Até porque nem sempre só de sorrisos são expressas as verdadeiras atitudes de amizade e fraternidade. Quantas pessoas simpáticas existem e são tão pouco empáticas, procurando mais reforços narcísicos por serem amáveis do que propriamente o serem genuinamente. Podemos não nutrir qualquer simpatia por alguém, por certo modo de viver, mas no entanto dispor de uma abertura para compreender. Será legítimo julgar sem considerar primeiramente um pensamento reflexivo e a subjectividade do outro?

Recomenda-se, para quem aspira a alimentar relações de respeito, a ser capaz de manter a flexibilidade e a despojar-se da sua maneira de ser, de ler o mundo, dos seus preconceitos. É importante procurar tecer uma sintonia emocional com os sentimentos do outro e suspender os seus valores e argumentos rígidos para encontrar pontes, pontos de encontro, aceitação da diferença e da pluralidade.

anaeduardoribeiro@sapo.pt