No Dia Nacional do Doente com AVC, que se assinala a 31 de março, é importante lembrar que as manifestações e as complicações podem ocorrer tanto depois dos Acidentes Vasculares Cerebrais isquémicos como dos hemorrágicos – e que a gravidade depende da dimensão e localização. Sempre que tal acontece, os doentes devem iniciar programas de recuperação que podem incluir fisioterapia, terapia ocupacional e da fala. Idealmente, devem ser iniciadas até ao sétimo dia após o início dos sintomas.

As pessoas que tiveram um AVC devem ser avisadas quanto ao risco de repetição, sobretudo nos primeiros trêsmeses – e ensinados a reconhecer os sintomas, que devem levar a que o doente recorra a um Serviço de Urgência o mais precocemente possível.

Depois de um AVC existe a absoluta necessidade de controlo dos fatores de risco, nomeadamente a hipertensão arterial, a diabetes, o excesso de gordura, o controlo de peso, a cessação tabágica – e, logo que possível, deve-se retomar o exercício físico regular.

É importante destacar que os primeiros 3 meses após o AVC constituem o período de tempo mais importante para a recuperação dos doentes, pelo que é aqui que deve ser feito o maior investimento terapêutico, tanto para melhorar questões funcionais, como para evitar o aparecimento de complicações músculo-esqueléticas. Alguns doentes necessitam de apoio psicológico, também para tirar o máximo partido dos programas de recuperação.

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As pessoas que tiveram AVC isquémicos devem iniciar e manter medicamentos para prevenir a repetição, como são os antiagregantes e os anticoagulantes. Algumas terão indicação para cirurgia carotídea, caso seja documentada doença grave da artéria carótida sintomática. Ajustes e modificações do local onde os doentes habitam podem ser necessários para melhorar a acessibilidade ou facilitar, por exemplo, a higiene. É absolutamente imperioso evitar quedas, quer protegendo o doente, quer providenciando o uso de bengala, andarilhos ou outros acessórios de marcha.

Certo que a gravidade das complicações e tempo de recuperação após um AVC variam de pessoa para pessoa, não posso deixar de partilhar que, pela minha experiência, os doentes que têm um acompanhamento médico adequado e que integram um programa multidisciplinar de reabilitação tendem a recuperar muito melhor.

A vida depois de um AVC requer uma relação próxima junto da equipa médica. A gestão da medicação bem como de todo o programa de recuperação deve manter-se a fim de conseguir-se, a longo prazo, bons resultados de mobilidade, raciocínio, independência e confiança.