O desgaste da classe docente, evidenciado pelo aumento de ausências por doença, e a escassez de pessoal não docente têm vindo a emergir como problemas relevantes nas escolas públicas portuguesas. Muito embora tenham vindo a ser assinalados progressos notáveis relativos à autoeficácia dos professores portugueses, eventualmente atribuíveis à experiência e à consolidação de práticas em sala de aula, tal como assinala o mais recente relatório TALIS, da OCDE, a aposta da manutenção de docentes em plena atividade até à idade legal de aposentação não facilita a integração de novos professores. A melhoria de resultados dos nossos alunos, também a nível internacional, foi alcançada, ao longo do tempo, com muitos dos mais de 48% de professores cuja idade supera atualmente os 50 anos. Contudo, em escolas cuja idade média do corpo docente se aproxima ou supera os 60 anos de idade, os processos de renovação dificilmente deixarão de provocar ruturas. O mesmo sucede com os diretores.
Exige-se muito aos profissionais das escolas e muitos dão o seu melhor até ao limite do esforço. Quando existe uma vontade genuína de colaborar na consecução das expectativas e desejos académicos dos nossos alunos, entendemos que a afetação de recursos deve ser consentânea com as finalidades desejadas e inscritas nos documentos orientadores. À ordem discursiva deve corresponder uma ordem material, os meios devem estar alinhados com as finalidades, sob pena de ficarmos apenas pelas boas intenções.
Na auscultação regular de diretores, temos constatado que as preocupações relativas à escassez ou ausências prolongadas por doença de assistentes operacionais surgem como um dos aspetos inibidores de um serviço educativo de melhor qualidade. Assinale-se que, mesmo perante um esforço recente de contratações para satisfação de necessidades mais urgentes, o calvário burocrático-administrativo para a realização de concursos, por um lado, e o desajustamento do “ratio” existente, têm gerado muitas limitações, que têm vindo a ser notícia frequente, com encerramentos totais ou parciais de escolas ou serviços. Numa segunda linha, as queixas centram-se na insuficiência de financiamento no orçamento anual para todas as necessidades de funcionamento, como são o caso das atividades laboratoriais, em escolas com maior frequência de cursos de ensino secundário das áreas científicas, bem como de serviços de reprografia, de limpeza, entre outros. Há, ainda, a preocupação com a política de afetação de horas de crédito horário, penalizadora das escolas com pessoal docente mais velho, limitando a disponibilidade para apoios e respostas educativas urgentes e necessárias.
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