Levando já 2024 a meio, os Estados Unidos começam a aquecer os motores para mais  uma eleição presidencial, um evento que promete ser tão polarizador quanto as edições  anteriores. As primárias democratas estão em ebulição, e uma questão premente  emerge: quem será o candidato mais capaz para enfrentar Donald Trump? Podemos  afirmar que a última eleição foi mais um plebiscito sobre Trump do que uma vitória  inequívoca para Joe Biden. A figura de Biden, embora respeitável pelo seu longo serviço  público, tornou-se cada vez mais questionada devido à sua aparente falta de vigor físico  e mental, que se tem vindo a evidenciar ao longo de todo o seu mandato, projetando-se  agora de forma clara nos últimos debates e compromissos públicos.

O primeiro embate entre Donald Trump e Joe Biden trouxe à tona essas preocupações.  Trump, com a sua retórica habitual e presença assertiva de palco, ofuscou Biden, que  se mostrou vacilante, hesitante, distante, perdido e incapaz de contrapor o adversário,  mesmo em afirmações que factualmente eram falsas. Esse desempenho reforçou a  perceção de que Biden foi eleito em 2020 não por mérito próprio, mas como uma  alternativa a Trump. Esse contexto coloca o Partido Democrata diante de um dilema  urgente: Biden antecipou-se a qualquer ponderação interna quando afirmou que seria  recandidato, como, aliás, é prática comum na história americana um Presidente em  funções sê-lo. Será Biden capaz de liderar uma campanha em 2024? Mais do que  sobreviver a um próximo debate com Trump, estará Biden capaz de estar mais quatro  anos na Casa Branca liderando uma das maiores potencias mundiais?

Com base no feedback negativo e na crescente dúvida sobre a capacidade de Biden  em assegurar uma vitória, ou até mesmo um resultado digno contra Trump, os  democratas veem-se obrigados a equacionar outras opções. Entre elas, destaca-se um  nome improvável que se distingue no horizonte político: Michelle Obama. Como ex-primeira-dama e esposa de Barack Obama, Michelle traz consigo uma bagagem de  respeito, seriedade, proximidade e cumplicidade com o povo americano, características  que a colocam num patamar muito acima do que Hillary Clinton ocupava na sua caricata  tentativa de chegar à Casa Branca.

A passagem dos Obama pela Casa Branca, embora não tenha sido marcada por um  legado de grande obra política ou de grandes reformas estruturais, trouxe uma era de  estabilidade e dignidade que muitos americanos anseiam por reviver. Michelle Obama,  é uma figura empática e foi porta-voz de causas como a obesidade infantil, igualdade  de género, educação, entre outras que colocaram a prova o seu carisma, resiliência e  capacidade de comunicação, tornando-se numa figura de esperança e renovação que  inspira muitos americanos. A sua potencial candidatura poderia rejubilar a base  democrata e atrair eleitores independentes e desiludidos que veem em Trump um  retorno a divisões e tumultos.

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É crucial, no entanto, que os democratas reconheçam que o simples facto de  sobrecarregar Trump com casos judiciais na tentativa de bloquear na “secretaria” a sua  candidatura pode ser visto como um movimento antidemocrático e contraproducente.  Em vez disso, apresentar um candidato robusto e inspirador será a estratégia mais digna  e eficaz. Michelle Obama não preenche apenas essa lacuna, mas também traz uma  narrativa de progresso e inclusão que pode mobilizar diversos segmentos do eleitorado.

Biden não se recandidatar é imperativo não só para evitar um resultado embaraçoso  para os democratas, mas para, inclusive, o seu atual mandato.

Nas próximas semanas os democratas têm uma decisão verdadeiramente patriótica a  tomar. Persistir em Biden, que claramente não está em condições de enfrentar a  maratona de uma campanha presidencial, nem tão pouco em abraçar mais um mandato  presidencial, ou apostar em Michelle Obama, cuja presença e legado oferecem uma  chance real de não apenas derrotar Trump, mas de revitalizar a esperança na liderança  e no futuro da terra do “Tio Sam”.

O tempo dirá qual caminho que o Partido Democrata escolherá, mas definitivamente  Michelle Obama destaca-se como a figura mais capaz de unir o partido e o país,  oferecendo uma verdadeira alternativa para a presidência dos Estados Unidos e para  devolução da confiança e credibilidade ao sistema político americano.