O ano não começa agora, começa só em janeiro, mas realmente a vida do cidadão comum recomeça depois de férias. É o momento para iniciar mudanças, fazer propósitos, traçar objetivos, esperar uma vida diferente.

Munidos de grandes e boas intenções atiramo-nos a um novo ano de trabalho ou de estudo. Apostamos tudo no regresso à normalidade pós-Covid, até porque o processo de vacinação também já está a chegar ao fim.

Coincidência ou não, é também depois de férias que os políticos ajustam contas com o eleitorado. Os dois grandes processos eleitorais, autárquicas e legislativas, decorrem geralmente no fim de setembro, início de outubro.

Este ano há autárquicas. São talvez as eleições que mais diretamente influem na nossa vida do dia-a-dia. Juntas de freguesia e câmaras municipais decidem muito da nossa vida prática. Não podemos, portanto, alegar que não votamos porque não temos nada a ver com o que vai ser decidido.

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É fácil procurar distrações. O que é que acontece se A perder? Como vai ser no dia seguinte às eleições? Quem se demite? Que partidos mudam de mãos? Tudo questões importantes para entreter jornalistas e encher horas de televisão e rádio. Mas nenhuma destas perguntas é tão importante para cada um de nós como saber quem vai governar a nossa rua, o nosso bairro, a nossa cidade.

Se o que sentimos é que a política está distante das nossas vidas e que o essencial das decisões não tem em consideração as nossas vidas, então estas são as eleições certas para decidir ir votar. É que uma daquelas caras que está no cartaz mesmo em frente de sua casa vai decidir onde pode arrumar o carro, se o seu bairro vai ficar mais ou menos limpo, mais ou menos verde, mais ou menos vivo.

Votar nas próximas eleições autárquicas é mesmo uma das melhores formas de contribuir para melhorar a sua vida. Por isso esta crónica de rentrée serve para deixar o desafio. No dia 26 não deixe que seja o seu vizinho a decidir por si. Informe-se e vá votar. Está nas suas mãos decidir quem vai decidir sobre o seu bairro e a sua cidade. E não diga que não quer ter nada a ver com isso, ou que já está tudo decidido porque as sondagens já ditaram os resultados. Isso só é verdade se você não for votar, como de costume. Se desta vez formos todos votar o resultado ainda está por decidir.

Depois, no dia 27, pode voltar para o seu exílio e fugir das discussões internas partidárias, de quem sai e de quem entra, de quem apareceu e não devia ter aparecido, de quem quer suceder a quem, das campanhas negras e das intenções claras.