A transição verde é frequentemente apresentada como uma necessidade inadiável para combater as alterações climáticas e garantir um futuro mais sustentável. Contudo, à medida que a Europa avança rapidamente nesta transformação, começam a emergir sinais de que o seu impacto económico está a ser severo, colocando em causa a competitividade das indústrias europeias e sobrecarregando os cidadãos.

Uma das maiores críticas à transição verde é o custo elevado da energia. As políticas de descarbonização, combinadas com a transição para as energias renováveis, têm levado a um aumento dos preços energéticos na Europa. Este fenómeno afeta diretamente os custos de produção industrial, tornando os produtos europeus menos competitivos face aos de regiões onde a energia continua a ser mais barata, como os Estados Unidos e a China.

Por exemplo, enquanto os Estados Unidos beneficiam de uma energia barata derivada do gás natural e de subsídios maciços para tecnologias verdes através do Inflation Reduction Act, as indústrias europeias enfrentam um duplo desafio: custos energéticos altos e uma carga fiscal e regulatória rigorosa. Isso resulta na deslocalização de empresas para fora da Europa, perda de empregos e um impacto negativo na balança comercial.

Além disso, para os consumidores, os preços elevados da energia reduzem o seu poder de compra e criam descontentamento social. A transição, tal como está a ser implementada, parece estar a criar um fosso entre os objetivos climáticos e as necessidades económicas e sociais.

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O ritmo acelerado da transição verde na Europa é visto por muitos como um exemplo de liderança climática global. Contudo, o facto de outras grandes economias, como a China e a Índia, estarem a adotar uma abordagem distinta à descarbonização levanta dúvidas sobre a eficácia de uma estratégia europeia radical e unilateral.

A obsessão por metas ambiciosas, como a neutralidade carbónica até 2050, parece desconsiderar a necessidade de equilibrar sustentabilidade e competitividade. Uma transição verde bem-sucedida não deve ignorar os impactos económicos, mas antes procurar soluções que sejam realistas e proporcionem um progresso equilibrado em todas as frentes.

Por exemplo, a aposta precoce e exclusiva nas energias renováveis, sem garantir a robustez e acessibilidade do sistema energético, tem deixado a Europa vulnerável a crises de abastecimento, como a que surgiu após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A transição não pode ser um salto no escuro, mas sim um percurso que assegure simultaneamente a segurança energética e a acessibilidade.

O futuro da transição verde deve passar por uma abordagem menos radical e mais pragmática. Há várias medidas que podem ser adotadas para mitigar os impactos económicos: diversificação das fontes de energia, soluções tecnológicas que reduzam os custos da transição, revisão de regulamentos para permitir às indústrias uma transição mais suave, evitando a deslocalização e incentivando o investimento em solo europeu, colaboração global, promovendo acordos internacionais ou apoios aos consumidores e indústrias para ajudar a amortecer os custos da transição, garantindo que esta seja inclusiva e socialmente justa.

É importante destacar que a transição verde não deve ser abandonada. As alterações climáticas exigem ação decisiva. No entanto, a forma como essa transição é conduzida é tão importante quanto os objetivos que se pretendem atingir. Se a Europa persistir numa abordagem radical e pouco sensível às realidades económicas, corre o risco de comprometer a sua posição global e de enfraquecer a coesão interna do bloco.

Para países como Portugal, que enfrentam desafios económicos e dependem do mercado europeu, é vital que a transição verde seja gerida de forma equilibrada. Uma Europa mais competitiva e sustentável beneficiará todos os seus membros, enquanto um projeto climático mal-executado pode agravar as desigualdades e enfraquecer a economia europeia como um todo.

A transição verde é uma necessidade, mas não pode ser conduzida de forma radical e unilateral. O aumento dos custos de energia, a perda de competitividade e os impactos sociais mostram que é hora de repensar a estratégia europeia. A liderança climática só será efetiva se for inclusiva, pragmática e equilibrada. Para isso, é essencial que a Europa harmonize os seus objetivos climáticos com a realidade económica, garantindo que a sustentabilidade não comprometa a prosperidade e a competitividade do bloco.