À hora a que redijo esta crónica ainda não se conhece a composição do novo governo. É suposto o Presidente da República apresentar a formação deste novo plantel ao fim do dia de hoje, quarta-feira. O que é revoltante. Ainda nem sequer tomou posse e já o novo executivo de António Costa me causa transtornos. Custava muito ter antecipado este anúncio um dia, proporcionando-me material para uma vasta, e quiçá até engraçada!, rubrica? Dirão alguns “Eh pá, já estás a dizer mal e ainda nem conheces os novos ministros. Devias dar o benefício da dúvida”. Só que o dirão parvamente, esses alguns. Qual benefício da dúvida? A única coisa de que não há dúvida é que esta calendarização não me traz qualquer benefício.

Agora, se o atraso na apresentação do novo governo teve alguma coisa a ver com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Bolsa de Turismo de Lisboa, retiro o que disse. Porque durante essa visita deu-se um pequeno incidente em forma de declaração do Presidente. Nomeadamente esta:

As reservas, as marcações feitas para a Páscoa e para o verão, neste momento, são muito boas. Isso é espetacular porque quer dizer que as pessoas sentem o que aconteceu durante a Segunda Guerra, o que aconteceu sempre que houve – que Portugal é um porto seguro (…) Se isto aguentar assim (…) é um empurrão, um empurrão grande para o turismo este ano em Portugal.

Portanto, quando ainda temos bem fresco na memória o quão bom iria ser o coronavirus para as exportações portuguesas, segundo a então Ministra da Agricultura, eis que o Presidente da República faz figas para que o Putin chegue a Badajoz e toda a Europa tenha de vir passar a Páscoa e o verão a Portugal. É verdade que viriam numas férias forçadas. Um bocado como quando uma pessoa ainda tem dias para gozar do ano anterior e o patrão obriga a tirá-los. Mas não deixaria de ser uma interrupção relativamente longa de trabalho, o que, tecnicamente, são férias. Além de que as nossas infra-estruturas turísticas estão mais do que preparadas para receber a Europa toda. Quem anda há décadas a receber turistas de pé-descalço também recebe viajantes que, por norma, só têm tempo de fugir com a roupa que trazem no corpo.

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Felizmente, escassos dias depois desta declaração o Presidente da República voltou ao tom institucional a que o cargo obriga. Desta feita em Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que certa unidade hoteleira local se prestava ao “diálogo com o elefante”, a “uma troca de impressões com a girafa”, e “a um ou outro momento mais romântico com os pássaros”. Que é como quem diz “tudo impecável com o mais alto magistrado da Nação.”

Bem ao contrário do que sucede na Ucrânia. Apesar de tudo, nos últimos dias a Alemanha deu a conhecer mais um trunfo no boicote económico à Rússia. Desta feita os germânicos estabeleceram uma pareceria para fornecimento de gás com o Qatar. E optaram por este emirado do Médio Oriente em virtude de o Qatar ser o único fornecedor mundial de gás que lhes permite mandar a seguinte boca: “Ó Putin, vai-te catar, que temos o Qatar, pá!” Ou então esta: “Como é Putin? Assinámos ou não assinámos este contrato em Doha? Aleija, não aleija?” Enfim, fraquinho. Mas alguém esperava muito bom humorismo alemão? A verdade é que nada disto funcionaria com um Canadá, ou um Irão, por exemplo.

A propósito de certos países, nos EUA há grande polémica na sequência da vitória do jovem Lia Thomas numa prova universitária de natação feminina. Pois eu acho muito bem que se permita aos Lias Thomas deste mundo esmagarem as raparigas sem dó nem piedad… Aliás, competirem, queria eu dizer. Que se permita aos Lias Thomas competirem com as raparigas. É que com o empenho das forças armadas norte-americanas em recrutar mulheres brancas, mulheres afro-americanas, mulheres lésbicas, mulheres bi-sexuais, e toda a sorte de outros tipos de mulheres que há por estes dias, para irem combater, por exemplo, os Ivans Dragos russos, não sobram senhoras para provas de natação feminina. E ficam pistas desocupadas nas piscinas. O que acaba por ser desperdício de água.