Voltaram à carga as ações de chamada de atenção para as agendas ditas ambientalistas. Ocupações de escolas, arremesso de sopas de tomate a quadros e colagem de humanos a edifícios com o intuito de bloquear algo.

Não se pode dizer que não têm sido eficazes no objetivo de marcar presença nos menus do dia na comunicação social.

O ambiente é a causa mais “sexy” dos últimos anos. É noticiável, é instagramável e a partir do momento em que começou a gerar resultados aos partidos “verdes” um pouco por toda a Europa, muitos outros quiseram usufruir um pouco desse tesouro por explorar.

É positivo que vejamos bastantes jovens em torno de uma causa, a organizarem-se para se fazer ouvir. Talvez não estejamos tão politicamente desligados como nos decretavam.

O que não é positivo é o aproveitamento e a instrumentalização que determinados partidos políticos já fizeram dos anseios e preocupações destes mesmos jovens. O que era para ser uma luta pela adoção e execução de medidas concretas para a preservação do planeta, passou a ser um Cavalo de Tróia para a agenda política da esquerda radical.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Agora a luta é contra o capitalismo, contra a propriedade privada, pelo “ecossocialismo”, repetindo exaustivamente que “o capitalismo não é verde”. Uma preocupação legítima e que fazia sentido, mas que terminou manipulada pelos movimentos de esquerda que misturam propositadamente preservar o planeta com antagonizar tudo aquilo que represente o polo ideológico oposto, “em nome do clima”.

Movimentos como a Climáximo ou a Greve Climática Estudantil, se o leitor perder alguns minutos a navegar pelos sites e a pesquisar os nomes dos intervenientes que por lá debitam os seus ideais climáticos, vai regularmente parar ao Esquerda.net, site do Bloco de Esquerda. Por lá se vai misturando colonialismo com aquecimento global e luta de classes com sustentabilidade.

A verdade é que este é um terreno fértil para a esquerda radical. Há cidadãos que ainda estão a despertar para a sua vida política, um tema que já se standardizou como urgente e, como acontece com todos os partidos populistas, estes oferecem uma suposta panaceia rápida e eficaz para tudo, por mais complexo que seja o problema. Se lhes pedirem detalhes, já não estão tão interessados na conversa.

Para salvar o planeta “é só” acabar com o capitalismo. Quando ouço este tipo de soluções simplistas não consigo deixar de me recordar de uma conhecida anedota, de uma paciente que decide ir ao médico quando se apercebe que cada vez que levanta o braço, sente uma dor muito forte no ombro. No consultório, explica o problema ao médico e até exemplifica. O médico depois de a ouvir e ver a exemplificação, chega rapidamente à solução: “É só nunca mais levantar o braço”. O médico era certamente militante do Bloco.

É pena que tenham conseguido convencer tanta gente, especialmente jovens, de que para acabar com a subida da temperatura, devem lutar contra o sistema que mais gente retirou da pobreza até ao dia de hoje (diferente de acabar com a pobreza), contra o sistema que mais avanços gerou na área da ciência e da medicina, que originou tecnologia que, por exemplo, lhes permite convocar uma ocupação de escolas a nível nacional enquanto esperam que acabe o genérico da série que estão a ver.

É no sistema de economia de mercado que se procura produzir mais gastando cada vez menos recursos e é também nele que fruem inovações e soluções que, essas sim, ajudam a construir um planeta mais sustentável. Para o próximo ano, por exemplo, os avanços na investigação da utilização de fungos para retenção de carbono vão começar a produzir efeitos, com a comercialização destes na utilização agrícola. No meio de transporte mais poluente do mundo, o avião, há empresas de aviação novas e empresas de sempre a anunciar a finalização de novas frotas, movidas a hidrogénio. Como estes, existem inúmeros exemplos de que regredir não é uma boa solução, mas sim aprender e inovar enquanto avançamos.

Se há problemas no nosso modelo de sociedade, há que propor aperfeiçoá-lo, repará-lo e não destruí-lo. Infelizmente a luta pela preservação do ambiente tem sido dominada pelo discurso ideológico de esquerda, que está mais preocupado em destruir o capitalismo que em construir soluções para preservar o planeta, escondendo maquiavelicamente que isso é uma profunda contradição.

E por falar em reparar e aperfeiçoar, quem tem conseguido fazê-lo mais eficazmente é precisamente quem estuda e não quem falta às aulas. Um dos maiores contributos que podem dar ao ambiente é estudar empenhadamente, não fechar escolas e universidades. É daí que nascem ideias para novas respostas aos desafios ambientais. Desse modo também vão perceber que, por exemplo, pedir o fim combustíveis fósseis num prazo de 7 anos, ou cancelar radicalmente todo o sistema económico do mundo em 10, e consequentemente condenar à miséria milhões de pessoas, não são objetivos nem prazos razoáveis e exequíveis e que quem lhes disse isso está deliberadamente a mentir.