Os desafios da transição digital, acelerados pelo impacto da pandemia de Covid-19, são – a par com a questão da sustentabilidade – a maior força transformadora que a nossa sociedade vai ter de enfrentar na(s) próxima(s) década(s). Distintos especialistas sobre a digitalização da economia perspetivam que cerca de 50% dos empregos atuais deixarão de existir até 2030 – sendo que uma parte significativa deles sofrerá um processo evolutivo incompatível com as competências de quem atualmente os exerce. Este cenário lança um obstáculo (e estímulo) adicional a todas as instituições de ensino superior (IES), na preparação para a entrada no mercado de laboral dos quadros superiores que vão trabalhar nos mais variados sectores de atividade.

A empregabilidade é uma questão-chave para qualquer academia – e a Universidade de Coimbra (UC) não é exceção. Mas esse conceito, de empregabilidade, é cada vez menos um fim em si mesmo e cada vez mais uma construção continua, que se inicia no momento em que o estudante se matricula na instituição de ensino superior e se prolonga a longo da sua carreira profissional.

Por isso, é urgente que as instituições de ensino superior nacional sejam capazes de se adaptar às rápidas e constantes mudanças no mercado de trabalho e se consciencializem de que a aquisição de competências dos/as diplomados/as já́ não resulta necessariamente, ou exclusivamente, de um trajeto académico tradicional (sendo essencial uma interação permanente com o tecido empresarial e com outras entidades empregadoras, para identificar oportunidades e dar resposta às suas necessidades). Só assim poderemos falar de uma formação de qualidade, atualizada e competitiva em termos internacionais.

Na Universidade de Coimbra estamos a fazer esse caminho. A promoção da empregabilidade – leia-se inserção profissional dos estudantes e diplomados no mercado de trabalho, incentivo do desenvolvimento e/ou ampliação das suas competências e apoio ao seu plano de carreira – é uma das grandes apostas do nosso Plano Estratégico para o período 2019-2023. E esse é, aliás, o foco do “Dias da Empregabilidade”, um evento diferenciado, com workshops, palestras motivacionais, job talks e espaços de networking com entidades empregadoras, que estamos a organizar, com o apoio do Santander Universidades, até 3 de dezembro.

Pensámos este evento – com momentos de reflexão, ora aprofundada, ora descontraída (como uma edição especial do programa Prova Oral, de Fernando Alvim, com seis antigos estudantes da UC com percursos disruptivos, para lá das fronteiras da sua formação académica inicial) – como uma ocasião para aclararmos as saídas profissionais em algumas áreas, mas também para promovermos ações que permitam aos nossos estudantes a obtenção de novas competências e a desmontagem de expectativas sobre a construção de percursos lineares de emprego à saída da universidade.

Para qualquer estudante universitário, parafraseando Eduardo Lourenço (um ilustre antigo aluno e docente da UC, que todos recordamos como um dos maiores pensadores do Portugal moderno), “mais importante do que o destino é a viagem” – ou seja, todos os conhecimentos e experiências que leva desses anos de formação. Nesse caminho, temos de estar sempre ao lado da nossa comunidade académica, desempenhando a UC um papel essencial na co-construção do futuro ambicionado por cada estudante.

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