Este é o mês da consciencialização da Endometriose, uma doença que afeta sobretudo mulheres jovens e em idade reprodutiva. Caracteriza-se pelo facto de o tecido que normalmente reveste o interior do útero – o endométrio – crescer fora do útero, noutros órgãos ou tecidos, como os ovários, trompas de Falópio, ou órgãos pélvicos como a bexiga ou o intestino.

Os sinais e sintomas da endometriose podem variar de mulher para mulher, mas são habitualmente muito intensos, condicionando de forma importante a vida profissional, mas também a social e sexual. Geralmente incluem dor pélvica ou nas regiões inferiores do abdómen, entre outras. A infertilidade também é muito frequente. A endometriose é uma doença inflamatória crónica e, embora a causa exata não seja conhecida, alguns fatores possíveis incluem fatores genéticos, desequilíbrios hormonais e distúrbios do sistema imunológico.

O diagnóstico assenta na valorização dos sintomas, complementado pelo exame ginecológico e sobretudo pelos resultados de exames de imagem como a ecografia ginecológica e a ressonância magnética. É de extrema importância que a consulta e os exames de imagem sejam feitos por médicos experientes e diferenciados.

Como se pode tratar a endometriose? Sendo uma doença crónica é difícil obter a cura, mas é possível controlá-la e aos seus sintomas. A primeira abordagem é o tratamento médico, com medicação hormonal que deve ser complementada com outros medicamentos que controlem a dor e a inflamação, como os analgésicos e anti-inflamatórios. O tratamento hormonal tem como objetivo controlar os sintomas e as lesões de endometriose. Sendo um tratamento adequado e muitas vezes eficaz pode associar-se a efeitos secundários e em algumas condições médicas pode ser mesmo contraindicado.  É por isso fundamental que a prescrição da medicação seja efetuada em contexto de consulta médica, de forma individualizada e acompanhada de vigilância adequada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O tratamento cirúrgico deve ser considerado de forma individualizada quando a medicação não resulta e nas situações mais graves, para reduzir a dor e restaurar a função normal dos órgãos. As técnicas cirúrgicas têm evoluído e são cada vez menos invasivas, com claras vantagens para as doentes, nomeadamente, com uma mais rápida recuperação pós-operatória. A cirurgia minimamente invasiva por via laparoscópica é a mais adequada e realiza-se através de pequenas incisões no abdómen e com uma câmara que permite ver o abdómen. A cirurgia laparoscópica assistida por robótica é uma técnica que permite realizar procedimentos mais complexos com maior precisão e controlo.

A natureza crónica e inflamatória da doença, assim como a intensidade dos sintomas e o forte impacto na vida da mulher, torna fundamental que estas abordagens terapêuticas sejam complementadas por mudanças no estilo de vida, por mudanças no regime alimentar, assim como por um acompanhamento psicológico adequado.

Em função das dificuldades e da complementaridade das diversas abordagens no diagnóstico, mas também no processo terapêutico, é fundamental que o seguimento e o tratamento da mulher com endometriose seja realizado por uma equipa multidisciplinar coordenada pelo ginecologista, mas incluindo outras especialidades da saúde, conforme o tipo e a gravidade das lesões.