Nos próximos dias 10 e 11 de Maio, na Figueira da Foz, os Enfermeiros vão reunir-se na IIª. Convenção Internacional dos Enfermeiros, promovida pela Ordem dos Enfermeiros, cujo tema de fundo é, “O Futuro e a Saúde”.

É uma feliz escolha este lema “O Futuro e a Saúde”, porque vai muito para além da actuação, das limitações e dos problemas que hoje se vivem na Saúde e, particularmente pelos Enfermeiros, servidores diários e permanentes na prestação de cuidados de saúde ao Cidadão, à Família, a Grupos e à Comunidade.

Esta é também uma data feliz, uma vez que, a 12 de Maio se assinala e comemora o “Dia Internacional do Enfermeiro”.

O programa é soberbo, interessante e muito rico, uma vez que se propõe a uma profunda reflexão e partilha que vai desde a “Cobertura Universal em Saúde, a: Desafios em Enfermagem, Liderança estratégica na política e na saúde, Inteligência Artificial e novas tecnologias, valor económico da Enfermagem e Planeamento estratégico em Saúde”, entre outros grandes temas. Mas acima de tudo, é a necessária reflexão, profunda, que exige medidas imediatas sobre a valorização dos Recursos Humanos. Aqui, estarão sempre, os Enfermeiros.

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Com a “Pandemia”, tivemos um exemplo claro, que apesar da alta tecnologia, da química dos medicamentos e vacinas, sem Recursos Humanos, nada era possível.

Podemos evoluir muito para as tecnologias, para os robôs fazerem cirurgias, para a “Inteligência Artificial” dar respostas às inúmeras perguntas, projectos e documentos, mas nada será jamais comparável, aos momentos em que o Enfermeiro se acerca de um doente e lhe segura nas mãos transmitindo-lhe presença, segurança, afecto e momento de escuta às suas dúvidas e inquietações. Às confissões, desabafos e mensagens do último minuto de vida. Ao momento em que o Enfermeiro traz ao mundo e o recebe nos braços, o bebé que acaba de nascer e o coloca no peito da Mãe,uHumanos ou o deixa no colo do Pai. Nos momentos difíceis, quando tem que olhar nos olhos dos familiares, ou usa o telefone, para comunicar um óbito. Por muito que a tecnologia possa ser apurada, faltará sempre o calor do toque, do afecto. do humanismo e das emoções. Mas os Enfermeiros estarão lá, sempre!

Discutir remunerações e carreiras dos Profissionais de Saúde, é necessário, urgente e incontornável.

Os Enfermeiros trabalham a todo momento com pessoas que, na sua maioria, estão doentes, estão em sofrimento, têm imensas dores, muitas delas até, em final do seu ciclo vital. Todo este trabalho, anos após anos, provoca desgaste físico, psíquico e emocional, acelerado. Esta realidade não pode ser ignorada. Por isso, a revisão de carreiras e remunerações, é urgente. A classificação da Profissão de Enfermagem, como de desgaste rápido, é uma necessidade e de elementar justiça que se atribua.

Cabe aqui lembrar que, em 2020 proposto pela OMS, comemorou-se o “Ano Internacional do Enfermeiro”. Por ironia do destino foram os Enfermeiros que mais sofreram, precisamente com a “Pandemia”, que nos assolou nos anos seguintes. Foram os Enfermeiros – e também os outros profissionais – que estiveram na primeira linha na luta contra o Sars-Cov-2, pagando até alguns Enfermeiros com a própria vida, ou ficando com sequelas até hoje. Foi bem marcante e visível a entrega, o altruísmo, o espírito de missão e o profissionalismo, que os Enfermeiros dedicaram a esta causa e combate. Infelizmente, o reconhecimento que foi feito pelo Governo, para a resolução de velhos problemas, foi nulo. Não faltaram palmas às janelas, mas estas não pagam contas nem restabelecem injustiças de há muitos anos. O Governo Socialista é assim. Destruiu a “Carreira de Enfermagem”, perseguiu e caluniou os Enfermeiros, num enxovalho sem precedentes. Não esquecemos!

A necessidade de recentrar a discussão do SNS relativamente aos RH, ao financiamento, à exclusividade dos seus Profissionais, à revisão de carreiras e ao tipo de gestão que deva ser aplicada aos hospitais, aos Cuidados de Saúde Primários e a filosofia das “Unidades Locais de Saúde”, são uma necessidade urgente e do presente. Os Cidadãos, pagadores de altos impostos, que muitos revertem para os orçamentos da Saúde, merecem melhores cuidados, menor tempo de espera por consultas ou cirurgias das diferentes especialidades. Mas também, estes mesmos Cidadãos contribuintes, devem ser mais exigentes, mais informados e reivindicativos. Isto para dizer também que não pode ser tolerada a falta de educação, nem a violência sobre os Profissionais de Saúde. Isso jamais!

Assim, parece-nos que estão reunidas boas condições de reflexão, de partilha e comunicação, nesta Convenção, com painéis e palestrantes de renome, alguns até, ex-governantes. Assim, o ministro da Saúde e o Governo queiram ouvir.