Chegou o Natal! E Natal é tempo de paz, é tempo de amor, é tempo de títulos de crónica à base de estupendos trocadilhos alusivos a esta data festiva. Presenteio-vos então com este, que me parece, ao mesmo tempo, uma muito bem vista síntese do Orçamento do Estado de 2020. Como é óbvio, a economia portuguesa não vai a lado absolutamente nenhum. Daí estar a mirrar o incenso, que é como quem diz, a bajulação, a Mário Centeno. Aliás, neste momento, o que António Costa queria mesmo ter no Ministério das Finanças não era um Ronaldo. O que lhe dava realmente jeito era uma Bimby. Não creio haver outra forma de espremer ainda mais impostos aos portugueses a não ser enfiando-os no afamado robô de cozinha, na velocidade 9, durante 3, 4 minutos.

Isto sem qualquer demérito para o Ronaldo das Finanças, atenção. Até porque, na última semana, comprovámos mais uma vez as semelhanças entre Cristiano Ronaldo e Mário Centeno. O Cristiano marcou aquele golo de cabeça no campeonato italiano, de uma grande altura e após dar um salto espectacular, que valeu uma vitória fora de casa. O Centeno já está com a cabeça no Banco de Portugal, pois anseia pela altura de dar um salto espectacular e é para fora do governo. Desde a dupla dos anos 80 Schwarzenegger/DeVito que não tenho memória de dois indivíduos tão difíceis de destrinçar.

Entretanto, ficámos a saber que houve mais uma falha no orçamento. Parece que faltava a chamada “almofada financeira” que é, supostamente, uma verba que consta sempre nos orçamentos para gastos imprevistos. E digo “supostamente” porque cheira-me que “almofada financeira” é só o nome técnico da banal almofada com que o Ministro das Finanças tapa a boca e o nariz dos contribuintes incautos, que depois de pagarem os seus impostos decidem fazer um oó, para lhes furtar as últimas poupanças escondidas debaixo do colchão. Ou talvez esteja a ser injusto para com Mário Centeno. É possível que a “almofada financeira” não passe de um mito. Afinal, todos sabemos que, para Centeno, não há gastos imprevistos. Para Centeno, “gasto imprevisto” é só outra forma de dizer “óbvia cativação”.

A grande preocupação do governo relativamente ao Orçamento do Estado de 2020 é a esquerda votar contra e o executivo ser obrigado a negociar um documento do tipo do “Orçamento do Queijo Limiano”, como fez António Guterres. E António Costa pretende evitar isso a todo o custo. Pode parecer rebuscado, mas o primeiro-ministro não quer mesmo arriscar. É que Guterres aprovou o “Orçamento do Queijo Limiano” e, passados quase 19 anos, o que é que lhe aconteceu? Estava na ONU a aturar as gritarias da Greta Thunberg. António Costa não quer correr esse risco e ninguém o pode censurar.

Mas nem só de Orçamento do Estado vive a política portuguesa. Por estes dias, também tivemos Luís Montenegro, candidato à liderança do PSD, no Programa da Cristina. António Costa já tinha brilhado, neste mesmo show, cozinhando uma cataplana de peixe. Rui Rio teve oportunidade de exibir os seus dotes de pilotagem de carrinhos de corrida. E agora, foi a vez de Montenegro interpretar o tema “Sonhos de Menino”, em parelha com Tony Carreira. Ou seja, já ouvimos os discursos do actual primeiro-ministro e dos principais candidatos ao cargo. E já tivemos oportunidade de os ver brilhar nos seus passatempos predilectos. Portanto, creio ficar em falta apenas o sempre muito aguardado desfile em biquini para coroarmos o líder político mais merecedor de, num futuro próximo, dirigir os destinos do nosso querido Portugal.

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