Cada Verão é finalmente Verão, mais um Verão, um Verão a menos. Às vezes causa alegria, às vezes agonia ver passar as estações. Ninguém à nossa volta está na mesma nem as coisas são iguais, apesar das repetições. Os bebés do ano passado já andam. Nas fotografias, os velhos têm agora os olhos vidrados (a vida dos olhos deles terminou no Verão passado, ou mais atrás ainda).

Todos os anos somos personagens da mesma regularidade e também testemunhas de mudanças inesperadas. Nascem pessoas, outras partem, outras chegam. Comemos peixe e cerejas. Fumamos à janela. Deixamos de fumar.

Podemos já não ter tudo pela frente a cada Verão: nem as longas noites à conversa, nem o sabor na boca — ácido e doce — de que podemos ser qualquer coisa, recomeçar vezes sem conta, fingir que nos esquecemos de outros Verões.

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