Verdade que ao longo dos últimos anos tenho sentido que alguém tem estado a remexer o meu cérebro, a modificar a minha rede neuronal, a reprogramar a minha memória e a criar uma desconfortável (?) sensação de permanente vazio.

O argumento é de Nicholas Carr, em livro, com o título Os Superficiais (finalista do Prémio Pulitzer). Na verdade, a obra é mais uma coleção de ideias de forma estruturada do que ciência e evidência empírica sobre modificações efetivas nos nossos cérebros. Na prática, Carr está a dizer-me que a minha mente passou de calma e linear para mais ou menos acelerada e não linear.

Há, porém, constatações evidentes mas que não podem deixar-nos muito mais do que apenas atentos. Como em tudo na vida, não estamos necessariamente piores. Devemos recusar algum simplismo com que se classificam, negativamente, as tecnologias e seus efeitos no nosso cérebro e vidas. Até porque o mundo vai por aí e não por outro qualquer lado. E o livro é muito uma crítica aos efeitos perniciosos do computador e, em particular, de tudo quanto nos é facilitado pela internet. Mas se é aceitável a crítica, sempre, e se é aceitável a constatação de que há modificações drásticas na forma como fazemos as coisas, não me parece necessário dizer mais do que, e apenas, estamos diferentes.

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