“Faltam cerca de 60 a 70 mil novos fogos em Portugal e cerca de 50% serão nas zonas de mais procura, i.e., Lisboa e Porto”. Esta frase, mais coisa, menos coisa, foi proferida na sequência de um estudo da APEMIP (Associação dos Profissionais de Mediação Imobiliária de Portugal). Os argumentos usados andam muito na linha do fazer baixar preço. Ou seja, sendo “aparentemente” a procura maior que a oferta o preço mantém-se alto e a capacidade de arrendar e/ou comprar para o cidadão médio português torna-se complexa.
Confesso que tenho alguma perplexidade relativa a este tipo de afirmações, muito embora não tenha, nem sequer possa ter, ideias fechadas relativas ao assunto. Há muito que deixei a engenharia para me dedicar a outras áreas mas a verdade é que, sendo a minha formação de base, não posso deixar de olhar para estas notícias e afirmações sem ter algumas preocupações.
Diria, em primeira instância, que este tipo de afirmações são mais ou menos panfletárias porquanto existem entre 500 mil e um milhão de habitações devolutas. E se existem deve haver um bom motivo para que assim continuem e para que não sejam colocadas no mercado, seja para venda, seja para arrendamento. E daqui nasce uma questão essencial que conduz a outras duas: 1) Porque há um inibidor à colocação no mercado de habitação hoje devoluta? E as duas questões paralelas, ou subsequentes, talvez possam ser formuladas da seguinte forma: 2) Precisamos mesmo de habitação nova e, se sim, em que condições? 3) Precisando de habitação nova estamos, em todo o caso, a procurar fazer o necessário pela reabilitação e colocação em mercado das habitações devolutas existentes?
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