Ou acreditamos que a família é o núcleo central da vida em sociedade, ou não. Eu acredito. No entanto, existem novas – e variadas – formas de vida familiar, às quais não se devem colocar estigmas.

Se, para a minha geração, depois dos estudos – e da tropa – o passo seguinte era casar e ter filhos, hoje em dia não é assim.

O viver junto, a união de facto, o Erasmus, a globalização, a experiência profissional no estrangeiro, o gap year, o ir viver com amigos, o ficar em casa dos pais, são opções que não se colocavam há 30, 25 anos. Além disso, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado e o aborto despenalizado (muitos casamentos aconteciam derivados de gravidezes inesperadas).

Podemos entender que todas estas formas, são uma ameaça à ideia de família tradicional (homem/mulher/filhos) como núcleo central. Mas também devemos entender, que estas novas formas de vida familiar, são a adaptação ao mundo em que vivemos, são um sinal dos tempos.

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Querer voltar atrás, será sempre visto como um reaccionarismo, como uma incapacidade de compreensão.

O mundo vive há 70 anos sem guerras mundiais, Portugal não tem colónias para defender militarmente. Há uma globalização económica. Novas formas de trabalhar emergiram. Apareceram a internet e os smartphones. O mundo ocidental cresce economicamente e os bens de consumo são acessíveis à maioria das pessoas. Viaja-se barato. Comunica-se com todos e a toda a hora. O inglês é a língua franca. Erradicaram-se doenças. Caíram barreiras nos costumes. Apareceu a Wikipédia. E o Google. As mulheres estão em maioria nas faculdades. O emprego não é para a vida.

Com este pano de fundo, ao qual acresce um certo hedonismo da geração “milenial”, constituir família não é, certamente, a 1ª das opções de um jovem ocidental.

Assim, se algum governo quiser proteger e promover a família – duas pessoas que se juntam num compromisso, com direitos e deveres, querendo ter filhos – tem que, obviamente, não só abrir os cordões à bolsa, bem como aceitar os custos eleitorais de beneficiar um conjunto da população – os que querem constituir família – em detrimento de outro (s).

O nosso sistema de reformas e pensões é subsidiado, por quem está no activo. Se assim é, não deverá quem teve filhos, ter benefícios acrescidos?

Porque paga quem tem filhos, o mesmo preço pela água, gaz e electricidade, do quem não tem?

Porque pagam propinas os pais de vários filhos, o mesmo que pagam aqueles que só têm um?

E, porque não um desconto progressivo nos passes dos transportes, ou mesmo no imposto automóvel?

E há que educar em favor da família. Obrigar a que a Escola transmita valores e não se limite ao abc.

Querer agradar a tudo e a todos, não é sério. Medidas avulso, são pantominice política.

Não se trata de querer voltar atrás, mas simplesmente de acomodar as novas realidades, a um bem que se deve considerar supremo: a família.

Conselheiro Nacional do CDS-PP