Nos dias que correm a velocidade é preponderante nas organizações. Go-to-market.

As grandes empresas, digitalmente nativas ou não, as incumbentes e as startups, lutam diariamente para obterem a melhor posição possível num mercado cada vez mais global e competitivo. Assim, a disrupção útil, a conquista da primeira franja de clientes, respetivas experiências e buzz, são fatores decisivos no sucesso de um produto ou serviço, logo, das empresas.

Exemplos práticos da importância do go-to-market podem ser encontrados na luta infindável entre Estados Unidos e China no campo do 5G, sob a insígnia da segurança, quando no meu ver se trata de geoestratégia política, económica e domínio tecnológico.

No segmento automóvel, por exemplo, foi possível assistir à apresentação do Cybertruck pelo mediático Alan Musk no final de 2019. Com o objetivo de causar impacto e garantir perceção de liderança tecnológica, pouco importa se o produto final apenas estará disponível em 2022 ou se existiram falhas graves durante a apresentação. A verdade é que por 100€ (reembolsáveis) podemos pré-encomendar o Cybertruck no site da Tesla, mesmo não existindo. Vejam o impacto nas ações.

Todos os riscos e estratégias são válidos em prol do comando na inovação e diferenciação.

Para contextualização total, é igualmente importante salientar que segundo Ralph Jacobson o volume de dados aumenta exponencialmente a cada ano, sendo que os dados gerados nos últimos dois anos foram superiores aos gerados em toda a história da humanidade.

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Assim, e tendo em conta os argumentos mencionados, podemos concluir que a necessidade de ter e trabalhar dados, ser ágil, rápido, o primeiro, correr riscos e comunicar de forma eficiente é crítico na equação “número de ações”, “cotação da ação”, “valor percebido” da empresa ou país.

Para acompanhar esta velocidade vertiginosa, novas tecnologias e modelos funcionais estão a ser adaptados na mesma forma e sentido.

Metodologias como DevOps, Agile ou Lean estão a ser adotadas na tentativa de melhorar a resposta aos estímulos impostos. Isto significa que a montante há impactos na cultura organizacional tradicional das empresas tecnológicas.

Desafiando os ciclos longos de planeamento e estruturas verticais, as novas metodologias privilegiam ciclos curtos, revisões constantes, flexibilidade, comunicação permanente, colaboração no desenvolvimento das tarefas e entregas recorrentes, mesmo que não absolutas. Desta forma é igualmente possível acomodar alterações permanentes de requisitos, satisfazer clientes e necessidades de mercado. Ao mesmo tempo, via estas metodologias, como o título sugere, será possível ter um mundo em constante aceleração, inovação, com acesso a novos produtos e novas experiências. Ou seja, novas lógicas de negócio numa economia em forma de Big Bang acíclico.

É também graças a esta nova forma de estar do mercado que, na minha opinião, em parte, se vive um estado tecnológico favorável em Portugal. Nas disrupções surgem oportunidades. A nossa é termos boas escolas, engenheiros e gestores.

As grandes empresas refugiam-se em Portugal à procura do sol, de várias formas de estabilidade, mas também à procura do sucesso na hora da produção e acesso a tecnologia.

No seu estudo “O estado da tecnologia europeia”, a “atomico” refere que Portugal cresceu em investimento tecnológico cinco vezes mais do que a média Europeia. É um indicador claro do descrito acima. Reflete-se no emprego, salários e condições de trabalho. Tudo isto com impactos positivos.

A jusante, na minha visão, com efeitos mais ou menos imediatos, para combater possíveis impactos da necessidade de velocidade, recursos e criação de bolhas, iremos ter necessidade de nos reinventar organicamente.

Os recursos são limitados, uns mais do que outros, e a velocidade aumenta riscos. Segurança, qualidade ou mesmo desvanecimento da “marca” Portugal são alguns dos riscos para os quais devemos ter planos. Os recursos, humanos ou não, devem ser cuidados e não transacionáveis recursivamente. É uma premissa válida para ambos os lados, empresas e colaboradores.

Cabe-nos a todos, um, tirar partido máximo deste estado para a dar continuidade à evolução de Portugal, dois, garantir sustentabilidade.

Pensar num futuro rápido pela inovação e duradouro pelas pessoas.

Certo, para já, é que não há sinais que este frenesim tecnológico vá abrandar nos próximos anos, e como tal, devemos investir e estar preparados estruturalmente.