Mas que rico sarrabulho nas hostes do partido Livre. Isto, sim, pode atrair mais jovens para a política portuguesa. Foram anos a fio a invejar aquela fogosidade característica do parlamento de Taiwan, ou do hemiciclo ucraniano, ou mesmo da assembleia turca onde, com tanta frequência, a força da palavra dá lugar à força do uppercut no salutar esgrimir de convicções profundas. Não invejemos mais. É verdade que os nossos deputados ainda não se pegaram à pancada, mas a legislatura ainda agora começou, calma. E, para abrir o apetite, entretemo-nos com a refrega entre a deputada Joacine Katar Moreira e a direcção do seu próprio partido. No entanto, e porque convém não deixar tudo para a última hora, esclareçamos já algumas questões importantes. Por exemplo, num parlamento que se quer cada vez mais igualitário e inclusivo, as senhoras deputadas também podem levar uns valentes sopapos, ou têm a prerrogativa de só darem sopapos? E uma deputada branca pode enfardar forte e feio num deputado negro? E quem fica incumbido de elaborar a lista de espera dos parlamentares que desejam bater em André Ventura? Pois é, isto do progressismo introduz aspectos de enorme complexidade.

Bom, mas venho aqui não apenas levantar dúvidas pertinentes, mas também apresentar soluções. Assim sendo, e como os tempos são complicados para o partido, deixo as minhas humildes propostas para renovar a designação com a qual o Livre concorrerá às próximas eleições, já depois de ter sido expulso pela deputada Joacine Moreira. Que consideram de “Deus nos Livre da Joacine!”? Mantém o “Livre” e denota uma certa esperança. Por outro lado tem “Deus”, o que é muito pouco moderno. Ou então “Desta vez todos os nossos candidatos estão cá de Livre e espontânea vontade”. Que acham? Talvez um pouco longo, mas a mensagem fica bem clara. O que é mesmo premente é avançar rápido para um destes novos nomes porque, nesta altura, a generalidade dos eleitores está absolutamente convencida que a designação completa do partido é “Hum, cheira-me que esta agremiação política está em queda Livre”.

Atenção, não partilho desta perspectiva. Aliás, para mim, até à data, este é o melhor momento do Livre. E confesso que estou a torcer pelo agravar da situação interna do partido. Pois se vamos com escassos dias de crise e Joacine, só para fazer pirraça à direcção, já se absteve no voto apresentado pelo PCP de “condenação da nova agressão israelita a Gaza”. Bem bom. Se calha esta querela durar mais umas semanas, qualquer dia ainda vemos o Livre votar favoravelmente propostas que façam realmente sentido e sejam boas para o país. Deixem-me sonhar.

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