Num mercado cada vez mais competitivo, os eventos são cada vez mais uma ferramenta de posicionamento que as marcas não podem deixar de parte. Contudo, a formação deve acompanhar a evolução dos eventos como forma de manter os profissionais atualizados e alinhados com o mindset do mercado. Mas, será que as entidades de ensino estão preparadas?

O dicionário tradicional define evento como sendo “qualquer coisa que aconteça, diferentemente de qualquer coisa que exista” ou “uma ocorrência, especialmente de grande importância”. O termo eventos provém do latim “eventos” e admite ser algo que está programado com antecedência. Todas as definições convergem em “acontecimento”, “ocorrência”, “sucesso” e “êxito”, estando sempre associadas a concentrações de pessoas para festas, apresentações ou similares.

Esta, é no fundo, a essência do que é um evento mas não podemos desassociar a pandemia, que trouxe consigo a mudança e acelerou a modernização do setor, envolvendo cada vez mais a componente tecnológica e promovendo soluções híbridas, à medida das necessidades, como uma forma de dar resposta aos desafios que os confinamentos trouxeram. E este novo paradigma mundial adensou cerca de 10 anos de história, afetando não só o marketing como os eventos de uma forma nunca antes vista.

Dentro dessa realidade, percebemos agora que cada vez mais os profissionais devem adaptar os seus conhecimentos e as formas de trabalhar de modo a estarem preparados e a conseguirem apresentar novas soluções, apelativas e diferenciadoras, aos seus clientes. Mas isso levanta também a questão: será que as entidades de ensino estão preparadas para “abdicar” dos modelos tradicionais e arrojar com programas mais inovadores?

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Numa rápida pesquisa online percebemos que existem várias formações sobre eventos: umas em formato webinar com os passos básicos para se organizar um evento em 45 minutos: outras mais formais com 50h de formação e ainda, programas de níveis mais avançados, como pós-graduações em instituições de ensino superior. O passo seguinte foi explorar um pouco melhor o plano de estudos e perceber que tipo de conteúdo esta oferta nos mostra.

Se é certo que a formação deve acompanhar o mercado, percebemos então que os conteúdos devem seguir elementos preponderantes tais como: o processo de gestão e marketing de eventos desde a conceptualização, o planeamento e análise de viabilidade até à realização do evento e avaliação pós-evento; identificar a importância das comunicações de marketing para diferentes tipos de eventos e a importância das parcerias; desenvolver e implementar sistemas e procedimentos de gestão de eventos; criar planos de ação para eventos, do princípio ao fim, com contacto com fornecedores, recolha de orçamentos, desenvolvimento de documentação e criação de estratégias de comunicação, gestão e acompanhamento 360º, entre vários outros elementos.

A verdade é que, enquanto gestoras ativas de eventos que somos, percebemos que a grande maioria das pessoas não tem a mínima noção do que envolve verdadeiramente a organização de um grande, médio ou pequeno evento. E, perante esta questão, torna-se preponderante entender a importância da logística envolvida, da complexidade da execução que acarreta um evento e, não menos importante, os custos associados que se multiplicam por diferentes fornecedores durante o processo de planeamento. Obviamente que quanto mais elaborado for o evento, maior a complexidade e as suas necessidades.

Nesse sentido, as formações devem efetivamente dar resposta a esse desconhecimento e simultaneamente ajudar a formar/profissionalizar a indústria dos eventos. Espera-se assim que novos programas de especialização auxiliem no reforço de competências teórico-práticas e que possibilitem o desenvolvimento de carreiras felizes de modo a que, cada vez mais, os profissionais qualificados acompanhem o setor e sejam capazes de contribuir para o impacto no país e nas cidades em que estão inseridos.

Na verdade, a cidade do Porto é já um ótimo exemplo dessa realidade, sendo uma cidade de referência internacional para congressos, cimeiras e exposições de grande dimensão. Em 2017 a Invicta foi listada entre os 31 destinos mundiais mais procurados para eventos de negócios e já em 2022 destacou-se na atração de eventos e congressos, subindo assim para o top 20 mundial. Apesar da nossa pequena dimensão, estamos na boca do mundo pelos melhores motivos!

Acreditamos que esta presença constante e reconhecimento só é possível devido às infraestruturas e associações existentes, mas também, sem sombra de dúvida, aos profissionais que flutuam à volta da cidade e que, de forma competente e fora da caixa, organizam eventos de relevo, fazendo com que o Porto seja muitas vezes escolhido em detrimento de outras grande potências mundiais.

É ainda de valorizar o aparecimento de novas cadeias hoteleiras na cidade, as já conhecidas ligações aéreas low cost e as novas alternativas de mobilidade que contribuem significativamente para a escolha deste destino, sendo assim considerados como fatores agregadores para esta notoriedade nacional e, sobretudo, internacional.

A nosso ver, a combinação da formação com a geografia em que estamos inseridos são os verdadeiros propulsores para o sucesso e um não funciona sem o outro. Por isso, o mote é fazer acontecer!

Não surpreende, portanto, que uma das primeiras formações executivas em formato de pós-graduação, focada em organização de eventos, em Portugal, arranque por estes dias, no Porto.