Dia 22 de março, os sindicatos da educação voltaram a reunir-se na mesa de negociações com o Ministro da Educação, João Costa, e o que resultou foi novamente uma proposta catastrófica, encapuçada de uma vontade bem expressa na postura do Ministério.

À partida para as negociações percebemos sempre o mesmo, ou seja, que ninguém acredita que vá sair das mesmas algum tipo de acordo. Ou melhor, parecemos todos perceber isso, exceto o Ministro João Costa e a sua equipa.

Já falei anteriormente em várias das reivindicações que estão em cima da mesa, contudo o Ministério da Educação remete cada ronda negocial a pontos breves, quase únicos, ignorando que a lista é muito mais significativa do que resolver um ou outro aspeto.

Nesta nova mesa de negociações abordou-se três aspetos: as quotas de acesso ao quinto e sétimo escalões; os técnicos especializados; e a redução de tarefas burocráticas.

Naturalmente que olhando para estes três pontos percebemos que o grande tema em cima da mesa seria naturalmente a questão das quotas de acesso aos referidos escalões e olhando para o documento que o Ministério entregou aos sindicatos constata-se essa maior atenção, ou não fosse o único dos três pontos que apresentou pressupostos, proposta e medidas, enquanto os restantes ficam-se somente por uma proposta.

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Analisando as propostas em concreto observamos que se pretende vincular os técnicos especializados como técnicos superiores através da definição de um rácio por Agrupamento de Escolas, ou seja, pretende-se que estes técnicos sejam como alguns funcionários das câmaras municipais, que recebem 1320 euros por mês, contudo apenas em número limitado, de acordo com o tal rácio por Agrupamento.

Fiquei, assim, com uma indefinição que gostava de ver esclarecida: será que estes técnicos superiores não vão ser selecionados e vinculados à Câmara Municipal, em vez de ao Agrupamento ou ao Ministério da Educação?

Seguidamente, a redução da burocracia, onde o Ministério nem sequer trouxe uma proposta, mas sim um desafio aos sindicatos de que participem no levantamento de processos e tarefas administrativas realizado pelo Centro para Inovação no Setor Público – LAB-X.

Portanto, meus amigos, estamos disponíveis para ouvir onde querem reduzir a burocracia, contudo não falem connosco, mas sim com aquela equipa que anda a ver isso em todos os setores da função pública.

Finalmente, ladies and gentlemen, a grande proposta do dia, uma proposta para terminar com as quotas de acesso ao quinto e sétimo escalões, uma proposta muito esperada por todos os docentes, contudo uma proposta que o Ministério fez questão de deixar extremamente claro que vai dividir os docentes.

Diz então a proposta que é apenas para os docentes que passaram por ambos os congelamentos da carreira, ou seja, apenas para professores que iniciaram a sua atividade profissional antes de 30 de agosto de 2005.

Concluindo, passamos por mais uma semana com negociações para procurar resolver alguns aspetos importantes e o resultado é o Ministério afirmar que os professores que começaram a trabalhar antes de 30 de agosto de 2005 são diferentes daqueles que começaram a trabalhar após essa data. Isto não é tentar a fraturação da classe docente?