Uma das grandes preocupações dos profissionais de saúde dedicados à oncologia é a drástica diminuição registada de diagnósticos de novos casos de cancro, durante o período de confinamento a que a população esteve sujeita no âmbito da pandemia. Nos hospitais CUF, o maior diagnosticador oncológico privado nacional, a redução de diagnósticos oncológicos rondou os 80%, só nos meses de março e abril.

Grave é que isto não significa que o número de casos diminuiu, apenas que o diagnóstico não foi feito, porque houve muitas pessoas que por receio não foram ao médico nos últimos meses. Esta realidade pode, a médio prazo, levar ao diagnóstico da doença em estádios mais avançados, com menor probabilidade de controlo da doença. A longo prazo poderá condicionar uma maior mortalidade por cancro.

A deteção precoce da doença é, por isso, essencial para um prognóstico favorável, para o tipo de tratamento e ainda para reduzir as taxas de letalidade associadas a cada tipo de cancro. É imperioso atuar e criar condições para que a população possa, de forma rápida e eficaz, ter acesso aos meios necessários para a realização de um diagnóstico, que irá desencadear o processo de tratamento, permitindo, assim, um melhor prognóstico da doença. O acesso facilitado a médicos e meios complementares de diagnóstico permitirá uma maior probabilidade de sucesso no processo do controle da doença.

O diagnóstico e tratamento de cancro é urgente e não pode ficar à espera. Em alguns tumores de crescimento mais rápido, esperar três ou quatro semanas pode significar uma redução significativa na possibilidade de cura. As pessoas devem ter presente que, se têm um sintoma persistente, devem procurar o seu médico.

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Na CUF Oncologia, por exemplo, reforçamos as Vias Verdes de Diagnóstico em todos os nossos hospitais, entre os dias 1 e 15 de julho. Esta ação, denominada “Hoje ainda não é tarde”, permitirá um acesso reforçado às Vias Verdes de Diagnóstico Oncológico de cancro da mama, cancro colorretal, cancro do pulmão e cancro da próstata.

É importante perceber a importância da realização de rastreios regulares, a partir de uma determinada idade ou perante antecedentes familiares. Em algumas neoplasias, como o cancro da mama, um dos tumores mais frequentes no sexo feminino, o rastreio anual permite inclusive detectar lesões ainda não palpáveis. De realçar, ainda, são os sintomas a que todos devem estar atentos: perda de peso não intencional, mal-estar, fadiga constante, um nódulo ou uma massa que se palpa, ou ainda, alteração dos hábitos intestinais.

É natural que na fase de confinamento as pessoas tivessem medo de se deslocar aos hospitais, contudo, e passados estes meses, é necessário continuar a transmitir uma mensagem de segurança em relação às condições criadas para acolher quem necessita de cuidados médicos. A instalação da epidemia em Portugal motivou a necessidade de criação de circuitos próprios para os doentes oncológicos; estabelecimento de procedimentos de segurança para a realização dos meios complementares de diagnóstico, sem comprometer a segurança dos doentes e de profissionais de saúde. Ao abrigo das orientações emanadas pela Direção Geral de Saúde os serviços de oncologia reorganizaram-se.

Procedeu-se à delineação do percurso dos doentes oncológicos em todas as fases da sua doença: diagnóstico, estadiamento, tratamento e seguimento. Os circuitos dos doentes oncológicos foram adaptados por forma a garantir a máxima segurança.

Na presença de sintomas persistentes não espere. Quanto mais cedo o cancro é diagnosticado, maior é a probabilidade de poder ser tratado e de ficar curado. Não deve desvalorizar qualquer sinal de alerta, nem negar a sua existência.

Não deixe de procurar ajuda médica, porque as unidades de saúde têm condições para receber, diagnosticar e tratar os doentes, em total segurança.

Não adie a sua consulta, porque hoje ainda não é tarde.