Hoje é Sexta-feira Santa.

No mundo em que vivemos dirá muito pouco a cada um dos que possa ler este escrito.

Há muito boa gente que nem sabe a que se deve o feriado. É feriado. E é bom ser feriado.

Independentemente de tudo o resto há sensivelmente 2.000 anos matou-se um inocente.

Matou-se por blasfémia. Por se dizer filho de Deus.

Enfim, aos dias de hoje seria considerado o quê? Louco.

E isso daria direito a morte? Era um homem diferente pelo que teria que pagar pela sua diferença.

E isso daria direito a morte? Era talvez convicto da sua opinião e da sua verdade e por isso talvez tivesse de ser morto, sobretudo por acreditar no que dizia.

E isso daria direito a morte? Era talvez evasivo, não ripostava, era apenas um homem e a sua palavra.

E isso daria direito a morte? Talvez desse direito a uma chacina em praça pública, pela sua palavra, como muitas e muitas a que temos assistido contra várias pessoas, nos dias que correm, sem direito a defesa, apenas destruindo vidas.

E isso daria direito a morte? Não fazia parte do mainstream. E, sobretudo, não era um herói anónimo, daqueles que sabemos hoje serem heróis apenas, e só, atrás de computadores.

E em sociedades ocidentais e desenvolvidas daria direito a morte? É a isto que chamamos democracia. Democracia sem justiça, mas democracia.

Devemos, hoje, no mínimo, recordar que matámos alguém inocente e que deveríamos, no menor dos casos, lembrar o erro que fizemos. E penitenciarmo-nos por esse erro. E procurarmos que erros desses não se perpetuem por esse mundo fora, hoje e no futuro.

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Matamos inocentes com palavras, com atitudes, com descomprometimento, com “não te rales”, com falta de solidariedade, com falta de compromisso e de voz, e dormimos tranquilos com isso? É o mundo de hoje.

É feriado? Sim, é feriado para nos lembrar também, e no mínimo, o que significa matar sem justiça.

É feriado? Sim, é feriado, também, pela memória pelos erros cometidos, pelas mortes causadas e pela vontade que devemos ter de não os repetir. De os emendar. De os erradicar das nossas vidas e das nossas sociedades. Mais, no seio de uma guerra onde milhares de inocentes morrem, devemos, no mínimo, lembrar todos quantos foram alvo de mortes injustificadas, injustas, sobretudo mortes inocentes.

Deixo-vos com uma carta (que não pôde ser entregue) postada por Igor Smelyansky, Diretor Geral do Ukraninan National Postal Operator vinda de uma criança ucraniana de 9 anos e que diz bem do coração dos mais novos, do coração limpo que têm e transportam, quando tinha acabado de perder a mãe. É nisto que precisamos também de refletir. Que podemos querer ter um coração assim para que o mundo seja melhor, mais justo, sem mortes de inocentes. Quaisquer tipos de mortes.

Dear Mom,

This letter is a gift to you for the 8th of March (International women’s day). If you think you have wasted your time teaching me – you are wrong. Thank you for the best 9 years of my life! Thank you so much for my childhood!

You are the best mom in the world! I will never forget you. I wish you happiness wherever you are and wish you to get to heaven! And we will meet you there. I will behave myself so I can get to heaven with you.

Kiss you!

Galya.

Porque hoje é sexta-feira. Sexta-feira Santa. E porque não queremos mais mortes.