Desde há mais de um ano que o Governo, a Direção-Geral de Saúde e os cidadãos têm vindo a trabalhar em conjunto com o objetivo único de controlar a pandemia. Várias medidas foram tomadas com sacrifício para a população e com consequências gravosas para a economia e a sociedade.

Numa altura em que ainda estamos a debater o cerco sanitário a Odemira e a não passagem para a quarta fase de desconfinamento de algumas cidades, o que se viu esta semana em Lisboa foi simplesmente vergonhoso!

Todos os anos há festejos dos adeptos pela vitória no campeonato nacional de futebol. Os confrontos ou trocas de palavras entre os mesmos e a polícia fazem parte do calendário das comemorações anuais por parte das claques vitoriosas.

No momento em que tudo apontava para que o Sporting fosse campeão, e ainda por cima 19 anos depois da última vitória, seria expectável a vontade dos adeptos e simpatizantes do Sporting virem à rua festejar de forma efusiva a conquista do título.

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Tudo que escrevi sobre o receio do desconfinamento poder levar a uma situação de falsa segurança, erro na análise e irresponsabilidade das pessoas foi, infelizmente, uma realidade. O conceito da vacinação poder controlar a curto prazo a pandemia, ao ponto de deixarmos de ter casos positivos já em setembro, foi um erro estratégico.

Tudo que aconteceu nas imediações do Estádio José Alvalade e na Rotunda do Marquês estava nas previsões de qualquer cidadão comum. Não se entende a total falta de controlo por parte das autoridades e a ausência de uma planificação real pelos elementos da organização: Sporting, Câmara de Lisboa, claques, forças de segurança e Direção-Geral de Saúde.

Não é por termos vacinados milhões de pessoas que as medidas sanitárias devem ser facilitadas, muito menos ignoradas. Basta observarmos as imagens provenientes de diversos canais de televisão e constatarmos que não houve distanciamento social nem uso de máscaras por parte da grande maioria das pessoas.

A população portuguesa ainda não atingiu a meta mágica dos 70% para adquirir a imunidade de grupo. E houve erro grosseiro por parte de todas as partes envolvidas. A festa ficou estragada pela má imagem que transmitiram às pessoas e à comunidade internacional.

Numa pandemia, a Direção-Geral de Saúde deve ser o ponta de lança do grupo. Deve propor e a autoridade policial deve fazer executar o plano estabelecido para combater a disseminação do vírus. E as claques e os simpatizantes devem cumprir com rigor o referido plano, sob pena de não poderem participar na festa. Nenhuma das habituais medidas sanitárias foi cumprida, tendo resultado em confrontos, feridos de ambas as partes e detenções.

Como diria o Diácono Remédios, “Não havia necessidade!”