Vivemos numa época com mudanças constantes em várias áreas, muito potenciadas pelas inovações tecnológicas. Estas inovações traduzem-se em três tendências que serão abordadas no congresso anual da Consumer Technology Association, a decorrer este ano em Las Vegas, de 7 a 10 de janeiro: investir no potencial do 5G; o futuro da mobilidade e a análise de dados emocionais. E estes são temas a que deveremos estar particularmente atentos.

O 5G será uma tecnologia verdadeiramente disruptiva e que trará muitas mudanças. A tecnologia 5G não vai apenas fornecer menor latência e maior capacidade de dados, mas também será 100 vezes mais rápida do que as redes 4G existentes. Desta forma, vai permitir que a inteligência artificial, os processos de informação e a análise de dados desempenhem um papel transformador na forma como trabalhamos ou nos comportamos em sociedade. Áreas como a saúde, com consultas, exames ou intervenções cirúrgicas efetuadas remotamente; a da segurança e controlo ambiental com monitorização de zonas de risco de incêndio, praias, edifícios, instalações industriais e capacidade de intervenção imediata com veículos pilotados à distância; ou a área do entretenimento, com acompanhamento de eventos desportivos ou espetáculos à distância mas com experiências imersivas, são exemplos do que podemos ver no mercado no imediato.

A preocupação com a sustentabilidade é outro dos temas na ordem do dia e as empresas devem identificar novas abordagens para um sistema de mobilidade do futuro completamente novo, sustentável e lucrativo. Uma das tendências que a Fjord definiu para 2019, Ahead of the curb,  aponta para um grande aumento em novas e diversas ofertas de mobilidade, além de colaborações com cidades e ecossistemas que lhes permitem dominar a mobilidade através da inovação. Verifica-se também que há uma tendência crescente dos consumidores para recorrerem a car sharing ou ride hailing, em vez de terem o seu próprio carro. Até os robô-táxis estão a conquistar interesse. De acordo com um estudo recente da Accenture, Mobility Services: The Customer Perspective, quase metade dos inquiridos disseram que estavam dispostos a não terem viatura própria e utilizarem soluções de mobilidade autónoma.

A maior sofisticação e exigência dos consumidores é também notória noutros aspetos e o mercado procura manter-se a par destes novos tempos. Surgem, por isso, novos recursos que recolhem e analisam dados como expressões faciais ou tom de voz. São os chamados “dados emocionais”, que permitem que as empresas se conectem com os clientes a um nível muito mais profundo e pessoal. Hoje em dia, os sistemas e dispositivos de Inteligência Artificial já podem reconhecer, interpretar, processar e simular emoções humanas, de modo a que uma análise facial ou de voz possa ser usada para descodificar sentimentos e usá-los em ações de marketing, pesquisa de mercado ou até sondagens políticas. Atualmente, existem empresas que oferecem software de análise de sentimentos plug-and-play e estima-se que o mercado de computação afetiva cresça para atingir 41 mil milhões de dólares em 2022.

Não obstante, a responsabilidade corporativa das empresas deve ter em mente a privacidade dos dados obtidos, que é uma das principais preocupações dos consumidores nesta era digital. Assim, as empresas devem ser totalmente transparentes e reunir apenas os dados necessários para criar maior confiança com o consumidor. Até porque a maioria dos consumidores (69%) não negociaria com uma marca se o uso dos seus dados fosse invasivo, como aponta o  Consumer Pulse Survey da Accenture Interactive em 2019. Assim, para não correr o risco de perder a confiança dos clientes e desperdiçar a oportunidade de usar os dados emocionais, as empresas deverão ser responsáveis e envolver um conjunto amplo de stakeholders do ecossistema.

A verdade é que o futuro apresenta inúmeras potencialidades e mais-valias que irão transformar as nossas vidas. Para não perder o ritmo destas inovações, as empresas terão de desenvolver e adaptar as suas estratégias de mercado, para que possam aproveitar ao máximo estes benefícios. E Portugal não é exceção. Porque, afinal de contas, o futuro já chegou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR