Falta menos de um mês para podermos escolher. As eleições para o Parlamento Europeu, em finais de maio, constituem uma oportunidade única de nos exprimirmos sobre o futuro da Europa e sobre como enfrentar as grandes questões da atualidade, por exemplo a evolução do trabalho, as ameaças aos nossos regimes democráticos ou as alterações climáticas.

Gostaria que os jovens agarrassem esta oportunidade para se fazerem ouvir, pois o papel que lhes cabe na construção do futuro é fundamental e vai muito além do voto e das eleições. E digo com grande satisfação que, nos últimos anos, criámos muitas oportunidades a nível europeu para os jovens se empenharem, para moldarem as suas próprias vidas e a vida dos outros. Quero uma Europa que invista nos jovens, no seu talento, na sua empatia e nas suas aspirações. Trata-se de uma questão de equidade. Acresce que é essencial construir sociedades coesas e resilientes, bem como economias orientadas para o futuro.

Foi por esse motivo que lançámos o Corpo Europeu de Solidariedade, uma iniciativa nossa que capacita os jovens para apoiarem pessoas e comunidades carentes. É sobretudo enquanto voluntários que os jovens têm a oportunidade de influenciar positivamente a vida de outrem e de, simultaneamente, passar por experiências de aprendizagem e vivências inestimáveis. Aderiram ao Corpo Europeu de Solidariedade mais de 124 000 jovens, dos quais 14 000 estiveram já presentes no terreno, por exemplo, ajudando as pessoas atingidas por catástrofes naturais a reconstruir as suas casas e as suas vidas, contribuindo para a preservação do património cultural, trabalhando com os refugiados ou os sem-abrigo e conjugando esforços para proteger o ambiente.

DiscoverEU é uma nova iniciativa para a juventude. Ao permitir que os jovens de 18 anos viajem por toda a Europa, estamos a criar oportunidades para que possam descobrir o património e familiarizar-se com os valores culturais que estão na base da nossa União, criando assim um sentimento de pertença. Foi assim que 30 000 jovens descobriram a Europa em 2018 e começaram a formar uma verdadeira comunidade. No início de maio, vamos lançar a próxima fase de candidaturas, abrindo a iniciativa à participação de mais 20 000 jovens, seguindo-se outros 20 000 no final do ano.

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E, como é óbvio, criámos muitas mais oportunidades através do Programa Erasmus+. Mais do que qualquer outro programa da UE, o Programa Erasmus encarna o ideal europeu, aproximando pessoas de diferentes culturas e origens e proporcionando-lhes a aprendizagem e a vivência do que é ser europeu. Só em 2017, o Programa Erasmus+ ajudou praticamente 800 000 pessoas a estudarem, fazerem formação e realizarem atividades de voluntariado no estrangeiro, um recorde absoluto.

Queremos proporcionar este tipo de oportunidades a muitos mais jovens europeus. É por isso que a Comissão Europeia propôs aumentar significativamente o investimento na juventude no próximo orçamento de longo prazo da UE para 2021-2027. Queremos duplicar o financiamento do Programa Erasmus+ para 30 milhões de euros para um período de sete anos e tornar o programa mais acessível e inclusivo, por exemplo através de um maior recurso a novas modalidades flexíveis, como os intercâmbios virtuais e a mobilidade dos alunos do ensino escolar. Queremos ainda expandir e consolidar o Corpo Europeu de Solidariedade. Conto com que os Estados-Membros e o Parlamento Europeu apoiem estes investimentos cruciais na juventude.

Porém, a nossa ambição não se esgota aqui. No último ano, temos vindo a lançar os alicerces de um verdadeiro Espaço Europeu da Educação, que queremos construir juntamente com os Estados‑Membros até 2025. Um espaço em que os jovens possam circular livremente para desenvolverem as suas competências, um espaço baseado na excelência e na inclusão, no qual todos os jovens tenham a oportunidade de tirar o máximo partido das suas vidas e de construir comunidades coesas que partilhem o sentimento de ser europeu. Para começar a dar passos concretos nesta direção, acordámos com os Estados-Membros uma série de medidas importantes: promover o reconhecimento mútuo de diplomas, reforçar as competências essenciais, como as competências empresariais ou digitais, e reforçar a educação inclusiva, a promoção dos nossos valores comuns e a dimensão europeia do ensino. Iniciámos o processo de construção de verdadeiras universidades europeias, que darão aos jovens novas oportunidades de estudar no estrangeiro, frequentar cursos integrados em instituições de ensino superior e de obter o reconhecimento automático das qualificações adquiridas noutro Estado-Membro. Além disso, estão previstos novos compromissos a muito breve trecho, destinados a incentivar a aprendizagem de línguas e a promover sistemas de educação e acolhimento na primeira infância de grande qualidade.

Os jovens preocupam-se com as comunidades em que estão inseridos e com o futuro dessas comunidades. Esta preocupação salta à vista quando os vemos manifestar-se para exigir medidas contra as alterações climáticas e quando nos dizem querer que os decisores políticos se debrucem sobre questões como o desemprego juvenil, a saúde mental e o isolamento em que vivem alguns jovens em zonas rurais. Eles merecem toda a nossa atenção — e recursos. Investir nos jovens e dotá-los das competências e atitudes de que necessitam para se adaptarem, encontrarem um trabalho gratificante e se tornarem cidadãos independentes é uma tarefa de grande fôlego. É algo que vai muito além de uma eleição. Significa capacitar os jovens a longo prazo e manter o rumo. Os jovens estão a dizer-nos, uma vez mais, que estão atentos e dispostos a assumir responsabilidades. Cabe-nos a nós garantir que dispõem dos meios e das oportunidades para o fazer.

Comissário da Educação, Cultura, Juventude e Desporto