Se atentarmos nos intensos preparativos militares das tropas russas, parece inevitável a sua intervenção directa na Síria. Resta contudo saber se apenas com o Irão e o que resta dos exércitos do Presidente sírio Bashar Assad ou em aliança com a coligação internacional criada pelos Estados Unidos.

É pois com alguma expectativa que a comunidade interncional espera o discurso do Presidente russo Vladimir Putin na Assembleia Geral da ONU, marcado para o dia 28 de Setembro. Espera-se que o dirigente russo faça propostas concretas para a solução de problemas internacionais graves como a situação na Ucrânia e na Síria.

O processo de regularização da crise em torno da Ucrânia parece congelado, mas a situação na Síria exige, com uma urgência cada vez maior, a intervenção coordenada da comunidade internacional a fim de travar a destruição total daquele país no Médio Oriente.

Nos últimos tempos, temos vindo a assistir a um aumento da presença militar russa na Síria, reconhecida pelo próprio depois de alguns desmentidos pouco convincentes.

Por enquanto, a ideia que Moscovo pretende transmitir é de que está disposta a ir mais longe na sua participação na travagem da guerra na Síria, mas, de preferência, com a autorização do Conselho de Segurança da ONU ou fazendo parte da coligação internacional que combate o Estado Islâmico.

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Porém, Vladimir Putin dá sinais de que a Rússia poderá juntar-se ao Irão numa intervenção militar separada na Síria a fim de evitar o desmoronamento total desse país e garantir as suas últimas posições no Médio Oriente.

No dia 24 de Setembro, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a realização de importantes manobras militares na parte oriental do Mar Mediterrâneo. Sem precisar datas, ele revela, porém, que elas deverão realizar-se em Setembro-Outubro com a participação de três navios de guerra russos: cruzador “Moskva”, navio-patrulha “Smetlivy” e grande navio de desembarque  “Saratov”, bem como outros barcos de apoio.

Neste momento, diplomatas russos e norte-americanos desenvolvem intensos contactos a fim de permitir a realização de um encontro de Putin com o seu homólogo americano, Barack Obama, onde ficará claro até que ponto é que Washington e Moscovo estão dispostas a coordenar os seus esforços na Síria.

Do ponto de vista da diplomacia da Rússia, este processo é de extrema importância, pois parece ser evidente que, sem esse país, a solução do conflito sírio será mais complicado.

Porém, o Kremlin quer garantias firmes que não lhe irá acontecer o mesmo que aconteceu na Líbia, quando deu luz verde à operação militar ocidental que conduziu à queda de Muhamar Kadaffi, mas foi, depois, completamente marginalizado.

Além disso, Putin tenciona sair do isolamento em que ficou o seu país depois da sua intervenção militar na Crimeia e no Leste da Ucrânia. Por isso, o êxito de uma ampla coligação internacional na Síria poderia contribuir para o regresso da Rússia ao G-8 e ao levantamento parcial das sanções ocidentais contra Moscovo.

Nesta situação, é no mínimo vergonhoso ver a falta de uma política comum e activa da União Europeia face ao conflito que originou a maior crise de refugiados no Velho Continente depois da Segunda Guerra Mundial. Isto mostrou com toda a evidência que a UE necessita de possuir forças armadas conjuntas com vista a participarem na neutralização de conflitos com perigos reais para a segurança na Europa. E este passo só poderá ser dado com a federalização da UE. Caso contrário, ela está condenada à desintegração total, pondo fim ao sonho europeu.