Se tem um cão, muito provavelmente o seu médico veterinário já falou consigo sobre este tema. A Leishmaniose é uma doença parasitária crónica e grave que afeta, sobretudo, os cães. Em Portugal Continental, e em toda a região do Mediterrâneo, é provocada por um pequeno parasita, o Leishmania infantum, que também é responsável pela Leishmaniose em seres humanos e em gatos.

Um estudo recente realizado em Portugal Continental1 indicou que 12,5% da população canina estava parasitada com o Leishmania infantum, um valor que quase duplicou desde o último estudo, realizado em 2009. Esta evolução é surpreendente porque não só têm existido várias campanhas de sensibilização, como também têm surgido novas soluções de prevenção no mercado.

O grande vilão desta doença é um pequeno inseto chamado flebótomo, que pode transportar este parasita, transmitindo-o aos cães quando se alimenta do seu sangue.

Os cães infetados com Leishmaniose podem não apresentar qualquer tipo de sinal clínico até ao momento em que o seu sistema imunitário, por algum outro motivo, fica mais debilitado. A manifestação clínica da Leishmaniose é muito variável, já que a doença pode afetar qualquer um dos órgãos, tecidos ou fluídos do corpo. Os cães podem apresentar apatia, perda de peso, aumento dos gânglios linfáticos, lesões cutâneas, crescimento anómalo das unhas, hemorragia nasal, doença renal, entre outros.

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Se o seu cão apresentar sinais clínicos sugestivos de Leishmaniose, o seu médico veterinário vai sugerir a realização de exames complementares que irão permitir chegar a um diagnóstico.

O tratamento da leishmaniose canina prolonga-se por vários meses, muitas vezes implicando a utilização de mais do que um medicamento veterinário. Em geral, estes medicamentos apenas controlam os sinais clínicos e não curam o cão através da eliminação total do parasita, sendo necessário um seguimento próximo do animal, com avaliações clínicas regulares ao longo da vida.

Acredito que, neste momento, a pergunta que está na sua cabeça seja: “Como posso proteger o meu cão desta doença terrível?”

Na verdade, a melhor forma de proteger o seu cão é evitar que ele seja picado pelo flebótomo. Só assim consegue evitar que este inseto transmita o parasita ao cão. E existem medicamentos veterinários com ação repelente contra o flebótomo que o vão ajudar a proteger o seu animal.

É importante dizer-lhe que se estima, em Portugal, que o período de atividade deste inseto seja entre os meses de março e novembro. No entanto, com as alterações do clima, existem zonas do País onde os flebótomos podem estar ativos durante todo o ano, por isso não proteja o seu cão apenas naqueles que são considerados os meses mais quentes. E informe-se sobre a duração da ação repelente e sobre os cuidados a ter após a aplicação do medicamento veterinário para conseguir maximizar a sua eficácia.

Outra dica que lhe podemos dar para evitar que o seu cão seja picado, é que o mantenha dentro de casa desde o anoitecer até ao amanhecer, pois é nesta fase do dia que os flebótomos se tornam mais ativos, aumentado o risco de picadelas!

Existe também a possibilidade de vacinar o cão contra a Leishmaniose. A vacinação não impede que o flebótomo pique o cão, mas, caso o animal fique parasitado com leishmânias, vai ajudar o sistema imunitário a controlar os sinais clínicos da doença.

Porque a vacinação não impede que os flebótomos piquem o seu cão, é importante conjugá-la com outras estratégias, como a utilização de repelentes e a adoção de medidas como colocar redes mosquiteiras ou garantir que não tem águas paradas em poças ou charcos nas imediações da sua casa ou jardim, sobretudo em zonas mais propensas a mosquitos e outros insetos, como os flebótomos.

Fale com o seu Médico Veterinário e descubra qual é o melhor plano para proteger o seu cão contra esta doença.

1 Almeida, M.; Maia, C.; Cristóvão, J.M.; Morgado, C.; Barbosa, I.; Ibars, R.F.; Campino, L.; Gonçalves, L.; Cortes, S. Seroprevalence and Risk Factors Associated with Leishmania Infection in Dogs from Portugal. Microorganisms 2022, 10, 2262. https://doi.org/10.3390/microorganisms10112262