Mais uma vez um conjunto de governantes saiu directamente do Executivo para o Parlamento. Com efeito, a ministra da Saúde e seus secretários de Estado transitaram do governo para o hemiciclo. Esta realidade não é inédita, porquanto em 2017, no rescaldo dos incêndios de 2017, a então ministra da Administração Interna também fez a mesma migração. Tal transumância não é uma realidade nova nem escolhe cor política e também não é nova a ausência de qualquer sobressalto político e cívico.

A génese da realidade sob análise radica numa constatação inequívoca: na elaboração das listas para deputados os partidos políticos colocam em lugar elegível os putativos candidatos a funções governativas, assim acautelando o futuro político daqueles que porventura venham a cessar a actividade ministerial.

Já a jusante, e estando na ordem do dia o eventual fecho da porta giratória entre a Magistratura Judicial e o poder político, importa não olvidar os efeitos nefastos que decorrem da migração em apreço, mormente aqueles que minam a relação de confiança entre eleitos e eleitores e a imagem imaculada que se almeja relativamente à casa da democracia.

Na verdade, este portão giratório entre o executivo e o Parlamento inculca a ideia, justa ou injusta, na opinião pública, de que, independentemente da boa ou má governança, há sempre um lugar à espera, literalmente, no aparelho do Estado.

Neste tempos que vivemos, com a emergência meteórica de movimentos e partidos populistas, toda a prudência é boa conselheira, ou como sabiamente diz o nosso povo, “cautela e caldos de galinha”.

Porém, nada temos a recear: não somos altos e louros como aqueles que habitam lá longe, na Escandinávia ou aqui tão perto na Lombardia.

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