Nada me move, em política, contra pessoas, ressalvados casos de falta de carácter, questão que pessoal é, independentemente da sua ideologia. Já o mesmo não sucede com as suas ideias e projectos, dos quais tenho a liberdade de discordar e até de os combater.

Aproximando-se as eleições para a liderança do Partido Social Democrata, impõe-se a análise de alguns capítulos, a saber:

I Capítulo – Pedro Passos Coelho

É um grande estadista: pôs sempre o País à frente. Um homem de coragem e de determinação — não, não é teimoso, que isso é coisa de “mito urbano”, pois tendo tido o privilégio de com ele trabalhar posso testemunhá-lo. A sua actuação e postura institucionais não prejudicam a afectividade e disponibilidade que tem para com os outros — frieza e distância são mais dois “mitos urbanos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Conseguiu resgatar o País e ganhar eleições em 2015 para depois, sem qualquer apego ao poder, renunciar à liderança com a dignidade e simplicidade que o caracterizam. Também não enriqueceu na vida pública como tantos. Fez frente à promiscuidade entre política e negócios.

Por tudo isto não deixo de sentir um forte sentimento de orfandade no que respeita à liderança. O tempo começa a fazer justiça a Pedro Passos Coelho. Até breve Pedro. O país precisa de si.

II Capítulo – Ideias e propostas dos candidatos à liderança do PSD que me estão vedadas seguir

Inicio com uma referência que para mim é clara: A divergência, a discordância, são saudáveis e mais, necessárias. Já assumi muitas divergências, incluindo algumas que me levaram a quebrar a disciplina de voto. Mas divergências, discordâncias, têm de ser assumidas, transparentes, leais, não conspirativas, sobretudo quando o país atravessou o pior período desde a implantação da Democracia. E estes princípios são, para mim, inquestionáveis.

Também não posso partilhar ideias contrárias às que sempre defendi ou contra as quais combati. Destarte, nunca poderei seguir quem defende ou cujos apoiantes defendam:

  1. A suspensão da Democracia, (ainda que temporária !!!)
  2. A tutela política do judicial, em particular de Magistraturas
  3. A licitude da pressão sobe os Media
  4. Sindicatos de votos dentro de partidos
  5. A insensibilidade cultural (e não, não estou a referir-me ao alimentar da subsidiodependência, questão distinta de apoiar a Cultura)
  6. A politização do ressentimento

Quaisquer das ideias supradescritas, entre outras, configuram, à luz do meu entendimento, um retrocesso civilizacional e são incompatíveis com a Democracia e a Liberdade que defendo.

III Capítulo – Os perigos

Estamos num país demasiado virado para dentro, em que a política é tantas vezes feita de pequenos casos, em estado de adormecimento geral, sem qualquer rumo ou substância e muito longe do contexto internacional. Mas importa atentar no que se passa à nossa volta, para que os partidos se mantenham como pilares de Democracia. Falo de partidos livres, moderados, tolerantes. Partidos há que defendem formalmente a Democracia, mas que não a defendem ou praticam substantivamente.

Por toda a Europa surgem movimentos extremistas. Regimes musculados de direita e esquerda suprimem liberdades essenciais e são tolerados. A extrema direita cresce. Os cidadãos, cada vez mais, não se reveem nos partidos, que vão sendo substituídos por movimentos, contra os quais nada tenho, se respeitarem os princípios democráticos. Mas a sua natureza é distinta.

Ora, importa preservar a existência de partidos de centro, que vão desaparecendo, o que nos deve fazer pensar com profundidade, sem populismos e, sobretudo, fazer a respectiva reforma, pois a tendência é para a sua fragilização, quando não implosão, como vimos suceder noutros países. Culpa dos próprios? Também e muita.

Bem importa tamanha reflexão imediata. Fica aqui um contributo para ambas as candidaturas.

Advogada