Depois dos desenvolvimentos políticos das últimas semanas, o espaço do centro e da direita sofreu sucessivas derrotas. Rui Rio, perdeu algum do capital político que ganhou ao derrotar Rangel. Ao não incluir as diversas tendências nas listas de deputados, não fomentou a união no partido; apesar de tentar corrigido este ponto agora no congresso. Continua a insistir num Bloco Central, mesmo numa eventual posição subalterna ao PS, acabou com a AD, que foi a única coisa que boa que mobilizou e permitiu ganhar cerca de 50 municípios nas últimas autárquicas, e por último continua com algumas declarações e tweets infelizes.

Já o CDS, primeiro Rodrigues dos Santos adiou o Congresso, hostilizando mais de metade do partido, jogou tudo numa AD que, exceto nas ilhas, não se vai concretizar. Como uma oportunidade dourada, de apresentar argumentos para travar o Chega, de apresentar uma estratégia, e captar o voto “órfão” de Passos Coelho/Rangel, a Direção do CDS, desbaratou tudo, e na situação atual corre o risco de, tal como o PAN, passar a ser um partido de um “deputado por Lisboa e Porto”.

Sobra o Chega e a Iniciativa liberal, que cada qual à sua maneira, passaram incólumes nesta tempestade, mas também não ganham abrangência. Provavelmente querem captar no voto de protesto, aquilo que não conseguem nos princípios ideológicos e no programa eleitoral.

Significa que a Esquerda já ganhou a guerra? Nem por isso. Primeiro, o centro-direita dispõe do Míssil Balístico Cabrita, que bem manuseado, em qualquer momento, pode enviar o navio socialista ao fundo. E para além deste, existem muitos outros alvos fáceis. Basta olhar para os cabeças-de-lista em cada distrito, “cada tiro, cada melro”!

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Creio que nestas eleições, muitos eleitores votarão, não pela positiva, mas pela preventiva. Para evitar um governo de maioria absoluta do PS (cujo terceiro mandato pode representar um ameaça ao estado democrático) ou um PS novamente na dependência do Bloco e CDU (rumo ao socialismo). Mas um governo minoritário de direita será sempre fragilizado pela esquerda. Pelo que esta será uma eleição a “duas mãos”, uma agora a 30 de Janeiro, e haverá provavelmente outra dentro de 20 ou 24 meses.

Quanto à nossa representatividade no Parlamento, existem 2 realidades distintas no território nacional. Os distritos “Big Five”, e os outros.

Os Big Five são Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal, elegem 16 ou mais deputados, juntos concentram 141 deputados (61% do parlamento). Existem 8 partidos com hipóteses de elegerem deputados, atingindo os 5% dos votos. E em Lisboa e Porto, essa fasquia pode baixar para uns magros 2%.

Nestes círculos, todos os votos são úteis, a distribuição final dos mandatos não é linear, e há mais alternativas para um eleitor mostrar o seu desagrado com a forma com que António Costa governou estes seis anos. É preciso recordar, que não elegemos o primeiro-ministro, mas sim a composição do órgão legislador e fiscalizador, a Assembleia da República!

O Chega, como partido de descontentes, pode transformar os seus votos de protesto em deputados em qualquer um dos distritos Big Five. A IL surgiu como um partido irreverente, e pode fazer a diferença sobretudo nos mais jovens, nos círculos de Lisboa e Porto. Em qualquer um destes partidos, a maior parte dos votos, será um voto de protesto, e sobretudo um voto “emprestado”.

Nos outros distritos, com a intromissão pontual do Bloco no Ribatejo, e da CDU no Alentejo, só há duas escolhas, PS ou PSD. Cada deputado que o PSD eleger vale por dois, mais um para o centro-direita, menos um para a esquerda. São estes distritos que vão decidir a governação do País.

No mapa-mundo, existe um oceano entre Portugal e o “México” (maioria absoluta de António Costa) e um maior ainda entre o nosso País e a “Venezuela” (Frente Popular de Pedro Nuno Santos). Nestas eleições, e nestes distritos, apenas um rio separa Portugal destes dois países, Rui Rio!