E prossegue a polémica em torno dos engraçadíssimos comentários de Francisco Louçã acerca da Grande Fome ucraniana, o Holodomor. Portanto, parece que a Grande Fome voltou a dar em fartura. Desta feita, no entanto, deu em fartura de justa indignação e não em fartura da mais abjecta miséria, como sucedeu em 1932-1933. E em todas as ocasiões, sem excepção, em que o comunismo teve ensejo de se espraiar com o mínimo de à-vontade. E todas as ocasiões são óptimas para recordar tal realidade, pois se é um facto que uma mentira repetida muitas vezes acaba por tornar-se verdade, convém repetir estas verdades, sempre que possível, para que nunca se tornem mentira.

No último capítulo desta edificante controvérsia, Francisco Louçã referiu ter sido sempre um fortíssimo opositor do criminoso Estaline. “O estalinismo foi uma catástrofe do século XX”, salientou Louçã, numa declaração que aproveito também para salientar, pois sabe-se lá quando e se será possível voltar a salientar uma declaração de Louçã provida de bom senso. Não, Estaline nem pensar. Bom, mas mesmo bom, era o Trotsky. O Trotsky é que era de sonho. Com o Trotsky, sim, os amanhãs cantariam. Ui, o que cantariam os amanhãs, com este menino. Com o Trotsky, os amanhã seriam uns autênticos Conans Osíris. Se o Conan Osíris soubesse cantar, como é óbvio.

Mas, desgraçadamente para Francisco Louçã, Trotsky foi assassinado a mando de Estaline. E desgraçadamente para a humanidade em geral, ninguém se lembrou de copiar a ideia com o próprio Estaline. Assim sendo, o mundo perdeu a oportunidade irrepetível de desfrutar da versão de Trotksy do paraíso comunista, ficando a pairar, para todo o sempre, a seguinte dúvida: em que lugar no ranking dos ditadores marxistas que mais seres humanos assassinaram teria acabado Trotsky? Será que ombrearia com os 20 milhões de mortos reclamados pelo seu arqui-rival Estaline? Ou poderia Trotsky sonhar atingir o registo dos quase inimagináveis 65 milhões de mortos atribuídos ao seu camarada Mao Tsé-Tung?

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