No dia 20-07, quarta-feira, o meu messenger foi inundado com posts de activistas lgbtetc., que acusavam o Observador de “dia sim dia não patrocinar opiniões que matam pessoas” e, a emoldurar a acusação, o meu artigo de opinião.  Qual não foi a minha surpresa quando, ao pesquisar o autor, me deparei com o Instagram do Ary, um dos activistas trans que faz os vídeos “The Guys Cudlle Too” (que denunciei no artigo mencionado) para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento nos quais incentiva claramente os mais novos a fazer o que ele fez.

Ora, o Ary não deve sequer ter lido o artigo e, se leu, não entendeu, pois o artigo não é apenas a minha opinião, mas sim a realidade e o apelo de uma ex-transgénero, e o alerta de profissionais de saúde que acusam o lóbi trans de aliciar crianças para a causa e de os tentar silenciar. Claro, que ler verdades científicas, quando, nos seus vídeos, propaga a mentira de que todos os tratamentos, para alguém se transformar naquilo que não é, são seguros, inócuos e totalmente reversíveis, deve ser difícil de engolir. Mas, é a realidade. E é essa realidade – não a minha opinião ou a verdade científica – que tem levado muitas pessoas ao suicídio. E não sou eu que digo que:

«A indústria farmacêutica está a dizer às crianças que agora há cura para a puberdade. O problema é que essas crianças que estão em transição médica vão crescer para perceber que a transição médica não cura nada, […] o tempo para celebrar quem elas se devem tornar é roubado dessas crianças, substituído por uma cura de vendedor de banha da cobra que as deixará com complicações médicas para toda a vida, e não cura nada.

Pais, a transição médica não é para crianças; está a criar uma ilusão do sexo oposto […] Os adultos têm o direito de escolher, mas isso não cura nada; é experimental e não é seguro. Mas cada criança que está convencida de que é trans vale US$ 1,3 milhões em produtos farmacêuticos. O que está a ser vendido como amor e aceitação na verdade é maligno.»

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Estas palavras são do transgénero, Scott Newgent.

Também o activista Helder Bértolo escreveu no Facebook:

«TRANSFOBIA MATA – É uma quantidade indecorosa de artigos, sob a capa de não serem jornalistas, mas comentadores, de não serem notícias, mas opiniões, que propagam ódio e mentira e que contribuem para o sofrimento e a morte de tantes. A campanha da ADM é criminosa. Salva-se o outdoor no Marquês de Pombal: de facto a ideologia dessas pessoas não é ciência e deviam deixar as crianças em paz! E, ao contrário do que diz o José Diogo Quintela, na verdade, há coisas que se perdem na Natureza: Por exemplo, o espermatozóide do pai e o óvulo da mãe desse palerma ignorante!»

E, mais uma vez, as imagens que ilustram o post são artigos do Observador, do Jornal i, do Expresso e o outdoor da campanha do mês de Julho do ADN (não ADM) “Ideologia não é ciência – Deixem os nossos filhos em paz”.

Ora, contrariamente ao que afirma o activista, não é o que nós escrevemos que mata. O que mata é a chantagem que é feita com os pais pelo lóbi trans. E, para não me acusarem de falar sem conhecimento de causa, cito mais uma vez alguém que experimenta na pele os resultados da ideologia, o transsexual Scott Newgent:

«’Melhor uma filha viva do que um filho morto?’ Essa pequena frase domina os pais, remove a lógica, substitui-a por uma emoção delirante, injecta vergonha por resistir e rouba a oportunidade de fazer perguntas. […] A frase cria o pior pesadelo de um pai, tanto visual quanto audível. Depois de ouvir isso, o filho como que pisca diante dos seus olhos, imagina o seu cérebro infantil a espalhar-se pela parede por causa de um tiro na cabeça; ouvem instantaneamente o seu grito de gelar o sangue dentro das suas mentes enquanto imaginam encontrar o seu filho… morto.

Tretas. Tretas. O meu filho confuso quanto ao seu género será mais suicida após a transição médica, o único estudo de longo prazo diz-nos isso.»

É isto que o lóbi quer esconder. Estudos que alertam acerca dos perigos da ideologia. Não admira que haja cada vez mais tentativas de silenciar as vozes que desmascaram os seus perigos.

Infelizmente, apesar dos inúmeros alertas da comunidade científica e do cada vez maior número de pessoas que se arrependeu de fazer a transição, o lóbi continua a avançar e, no dia 15 de Junho deste ano, a Casa Branca emitiu uma ordem executiva na qual promove a difusão dos serviços de afirmação sexual, inclusive para crianças e adolescentes.  O governo Biden insiste na narrativa de que é preciso “proteger” legalmente as pessoas que se identificam como lgbtetc..

Claro que, nos EUA, tal como cá, ninguém persegue ninguém por causa da sua orientação, ou desorientação, sexual. Aliás, o conceito de respeito da maior parte da sociedade Ocidental passa por respeitar as pessoas, por serem pessoas, e não por terem uma qualquer característica sexual, uma determinada cor de pele, confissão religiosa ou política.

Aquilo que faz com que cada vez mais pessoas reajam mal à ideologia do género, e às pessoas que o lóbi instrumentaliza para a promover, é o conceito novo e altamente controverso de uma “identidade de género” que deve ser despertada e construída na Escola e nas redes sociais, com a ajuda de “influencer’s” famosos, pagos a peso de ouro para subverter a identidade e a sexualidade de crianças, adolescentes e jovens.

Sejamos sinceros: se, como afirmam os ideólogos de género, uma vagina, maquilhagem e vestuário não fazem de alguém uma mulher; como é que maquilhagem, vestuário e a imitação de uma vagina fazem?

Inculcar na mente de crianças de tenra idade que se podem identificar com qualquer sexo, pois o sexo de nascimento pode ser removido e substituído por uma imitação do outro, é uma mentira grotesca e traz consequências nefastas.

Voltando à ordem executiva de Biden, o seu objectivo é “promover o acesso ampliado a cuidados de saúde abrangentes para indivíduos lgbtetc., inclusive trabalhando com os Estados na expansão do acesso a cuidados de afirmação de género”.

Assim, quando se trata de questões de sexo e género, a ordem executiva defende que os profissionais de saúde não devem questionar, desafiar ou mesmo explorar ideias ou alternativas com pacientes que se identificam com o sexo oposto ou com uma das letras do abecedário colorido. Os médicos são forçados a afirmar a homossexualidade e, ou, a rejeição dos pacientes ao seu sexo biológico, e proibidos de questionar as razões por trás desses desejos/sentimentos.

Qual é o problema com esta ordem executiva?

É o facto de transformar uma ideologia numa verdade absoluta e de submeter crianças, adolescentes e jovens – que desejam desesperadamente fugir dos seus corpos – a tratamentos e cirurgias que as deixarão com marcas para toda a vida (uma das consequências é a infertilidade) e de coagir os profissionais de saúde a causar danos irreversíveis a quem ainda não têm maturidade para tomar decisões informadas acerca de algo tão definitivo.

Não é de suma importância que os profissionais de saúde explorem as razões para que um número cada vez maior de crianças e adolescentes se sinta mal com o seu próprio sexo/corpo?

Será que não estão apenas a tentar escapar a certas expectativas acerca da masculinidade e da feminilidade?

Creio que é do conhecimento geral que muitas crianças e adolescentes rejeitam o seu sexo porque: a) sofreram abuso sexual ou trauma; b) estão no espectro do autismo; c) sentem-se desconfortáveis com a atracção que sentem pelo mesmo sexo.

Então, qual é o objectivo de proibir os médicos de lhes perguntar porque é que sentem atracção pelo mesmo sexo e, ou, porque é que desejam “mudar de sexo”?

Conhecer as motivações do paciente não devia ser parte integrante das consultas de psicologia/psiquiatria?

Pelos vistos, não. O lóbi lgbtetc. não quer. Agora, a sexualidade é política. De acordo com o Presidente dos EUA, psicólogos e psiquiatras que desejem explorar os motivos do desconforto por detrás do desejo de “mudar de sexo” devem ser acusados e processados por “fazerem terapias de conversão”, que, em português inteligível, significa “tentar coagir crianças a abandonar a ‘sua’ identidade de género”, que adoptaram depois de algumas aulas sobre ideologia de género e de passarem algum tempo nas redes sociais.

É dessa prática – de tentar perceber o que leva cada vez mais crianças a não se identificarem com o sexo com que nasceram – que Biden quer “proteger os jovens lgbtetc., pois, segundo ele, os profissionais de saúde podem causar danos significativos, incluindo taxas mais altas de pensamentos e comportamentos suicidas, aos jovens que passaram a identificar-se como lgbtetc.

Nesse sentido, um pouco por todo o mundo e Portugal não é excepção, os promotores das políticas identitárias têm trabalhado arduamente para impor uma legislação que proíba a “terapia de conversão” baseada na “identidade de género”.

Por quê?

Talvez por colocar em causa um programa abusivo que procura doutrinar um menino para que se sinta atraído por outro menino e até para que se identifique com o outro sexo. Não interessa aos ideólogos que um psicólogo/psiquiatra explore as razões pelas quais uma menina – com histórico de abuso sexual – exige ser medicada com testosterona a fim de ser vista como um homem pela sociedade.

A pressa dos activistas – na criminalização dos profissionais de saúde que não se submetem e desodedecem ao lóbi – resulta da reação popular de pessoas comuns e de activistas, que exigem que se páre de medicar e de amputar crianças sem que haja um estudo sério acerca das consequências dos tratamentos e das cirurgias. (Sobre isso, aconselho vivamente este artigo do Jordan Peterson).

Não é por acaso que, em Maio do ano passado, o governo do Reino Unido estava determinado a proibir a terapia de conversão para a orientação sexual e para a identidade de género, mas a reacção do povo forçou-o a separar os conceitos e a eliminar o segundo das suas propostas. Activistas feministas argumentaram que os profissionais de saúde precisam de liberdade para explorar as questões de sexo e género com os seus pacientes sem serem acusados de um crime.

Na Suécia, há estudos que mostram que o encaminhamento de jovens para clínicas de género caiu depois dos média terem exposto a natureza experimental dessas clínicas e as ramificações a longo prazo para a saúde dos jovens.

Na Austrália, a maior clínica de género, que costumava dizer aos pacientes e aos seus pais que os bloqueadores da puberdade – prescritos para crianças dos 9 aos 13 anos – para suprimir a puberdade (o seu desenvolvimento sexual natural) – eram totalmente reversíveis e não causavam danos a longo prazo, teve que voltar atrás. Agora, admite que os bloqueadores da puberdade “podem atrasar o desenvolvimento do cérebro” e afirma no seu boletim de Junho: “Não sabemos se o uso de bloqueadores da puberdade afecta o desenvolvimento do cérebro”.

No Reino Unido, aumentou 4.400% no número de adolescentes que procuram tratamento na clínica nacional de género. Em todo o Ocidente, as meninas adolescentes são agora o principal grupo demográfico que afirma sofrer de disforia de género.

O que está por trás disso é o contágio social – a disseminação de ideias, emoções e comportamentos por meio da influência de colegas, mais um exemplo de adolescentes que partilham e espalham a sua dor. Há uma longa história de contágio social com esse grupo demográfico – a anorexia e a bulimia também se espalham dessa maneira e sabemos que as adolescentes de hoje estão no meio da pior crise de saúde mental já registada, com as maiores taxas de ansiedade, automutilação e depressão clínica.

As meninas adolescentes suscetíveis a esse contágio social são as mesmas meninas depressivas e altamente ansiosas que lutam socialmente na adolescência e tendem a odiar os seus corpos. Se acrescentarmos a isso: um ambiente escolar onde se pode alcançar status e popularidade declarando uma identidade trans e a influência das redes sociais, onde activistas trans promovem a ideia de que identificar-se como trans e tomar testosterona curará todos os problemas de uma menina, teremos todos os ingredientes para um fenómeno social que se espalha rapidamente.

Nem a propósito, neste cantinho à beira-mar plantado, num estudo recente – realizado pelo Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP) – que inquiriu mais de 1500 jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 19 anos, 45,3% identificaram-se como lgbtetc?

Olhando para o que se passa pelo mundo fora, e por cá, para quê tanta pressa em afirmar crianças e adolescentes que rejeitam o seu sexo biológico e condenar quem quer explorar os verdadeiros motivos para isso acontecer?

Qual o objectivo de encorajar crianças a odiar o seu sexo biológico?

Que motivos se escondem por trás da preocupação excessiva do Estado com a sexualidade das crianças?

Não terá chegado a hora das pessoas exigirem maior escrutínio às políticas identitárias e ao que isso de facto significa?

É preciso pesquisar as razões que têm levado tantas pessoas a arrepender-se depois de terem sido acompanhadas por médicos afirmativos. Pessoas que desejam recuperar o seu sexo de nascimento passam por enormes provações e pela vergonha de terem cometido um erro gravíssimo. São obrigadas a viver com as consequências de um modelo afirmativo de género – imposto pelo Estado aos pais e aos profissionais de saúde – que não as puderam aconselhar a parar e pensar sobre tudo o que implica uma “mudança de sexo”.

As exigências e a coação de grupos poderosos e de lóbis políticos, para afirmar crianças, adolescentes e jovens que rejeitam o seu sexo, não podem continuar a sobrepor-se à voz dos pais e dos profissionais de saúde.

Também é urgente ouvir os jovens que têm cicatrizes físicas e psicológicas resultantes de um modelo afirmativo de género, rápido a diagnosticar e medicar uma disforia de género inexistente – quando ainda eram crianças – sem fazer perguntas sobre o que aconteceria quando se tornassem adultos.

Os números não enganam. Cerca de 20% arrependem-se da mudança de sexo. Os procedimentos de mudança de sexo não são eficazes. Dez a quinze anos após a redesignação cirúrgica, a taxa de suicídio é 20 vezes maior que a de pares comparáveis.

Até quando?