Tenho quase a certeza de que ao longo de décadas em Lisboa os meus avôs africanos nunca foram à praia em Portugal. A natureza para eles é o metropolitano; o brilho dos néons do Rossio; Pepe, a glória do Belenenses; o acre alimado da amêndoa amarga.
São o africano solitário na aldeia; os velhos cabo-verdianos à sombra à espera do autocarro; o horticultor de fim-de-tarde, meio-bêbedo, que planta feijoeiros na berma da via-rápida sem se lembrar de que a CRIL não é São Vicente.
Na praia, não os consigo imaginar.
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