As novas medidas anunciadas pelo Presidente de República, com o controlo de fronteiras e limitação de saída de pessoas para o estrangeiro mantendo o confinamento prévio, é, sem dúvida, a decisão mais acertada que Portugal optou nesta terceira vaga de pandemia.

As indecisões, controvérsias, falhas no plano de ação e na antecipação das medidas sanitárias deram origem a este cenário dantesco a que estamos infelizmente a assistir. Em seis meses, passámos do melhor país da Europa para o pior do mundo em número de casos diários de infeção por Covid-19. E não podemos apontar apenas o dedo ao Governo. Os cidadãos que não cumprem também têm a sua quota de responsabilidade.

Alguém tinha de dar um murro na mesa e reconhecer que quase nada resultou. Neste momento, o nosso país encontra-se numa situação catastrófica, ao ponto de termos de pedir ajuda ao estrangeiro.

Esta primeira intervenção oficial do Presidente da República, dias após a sua reeleição, pode ter sido a chave para o problema atual. Pode ter sido tomada numa situação de desespero, mas houve coragem política para a fazer.

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Pelo atraso na aplicação do plano de vacinação contra a Covid-19 e constantes alterações em relação aos grupos prioritários, não devemos pensar que os números de infeções reduzam a curto prazo.

Não estamos na altura de apontarmos o dedos aos culpados, que, certamente, existem, caso contrário não teríamos chegado a esta situação. O que importa é que os responsáveis de ambos os lados (Governo e cidadãos) tenham a humildade de aceitar o falhanço, por diversos motivos, no combate à pandemia. Qualquer um de nós podemos falhar. Mas se não aceitarmos e reconhecermos a nossa falha, é meio caminho andado para cometermos um novo erro. Neste momento, é crucial unir esforços no combate à Covid-19, de modo a travar a sua propagação.

Desde o início da pandemia, muitos médicos utilizaram os diversos meios de comunicação social para opinarem sobre as várias estratégias a seguir para combater a pandemia. Não foram ouvidos e em alguns casos foram até criticados, nomeadamente quanto à utilização obrigatória de máscara. Adivinhava-se que esta tragédia seria inevitável perante o incumprimento constante da população e pela implementação de medidas pouco corajosas por parte das autoridades para conter a propagação do vírus.

Ao limitarmos a circulação das pessoas, não podemos ficar de braços cruzados à espera que isso seja suficiente para inverter estes números trágicos, diários, de novos casos e mortes. É preciso manter o confinamento, continuar a lavar as mãos pelo menos durante 20 segundos e, acima de tudo, quem tiver de sair por algum motivo válido, deve usar a máscara e manter o distanciamento social de pelo menos dois metros.

Tem-se discutido se a máscara social, ou mesmo a máscara cirúrgica, será suficiente para evitar o contágio pela variante britânica. O Professor Fauci, especialista americano no combate à pandemia e antigo consultor do ex-presidente Donald Trump, referiu há poucos dias a importância de usar duas máscaras em simultâneo para reduzir a hipótese de qualquer pessoa poder ser infetada por esta variante.

Vários especialistas também aconselham o mesmo tipo de procedimento. Pelo seu grande grau de contagiosidade, com 17 mutações, a variante britânica pode, de facto, reduzir a eficácia do uso de máscara no combate à pandemia. Se as variantes da África de Sul e do Brasil se juntarem à variante britânica e a sua incidência se verificar na maior parte dos casos de infeção em Portugal, o risco será ainda maior.

Como tive oportunidade de referir em artigos anteriores, é preferível tomarmos decisões por antecipação, nem que, aparentemente, sejam exageradas do ponto de vista da saúde pública. É preferível usarmos duas máscaras cirúrgicas nesta fase, até reduzirmos a incidência desta variante. Como alternativa, podemos usar a máscara cirúrgica por dentro e a máscara social, com garantia de qualidade e com marca CE, do lado exterior.

Neste momento, o mais importante é que todos os Portugueses, dos governantes ao cidadão comum, estejam unidos nesta guerra sem quartel. Não nos podemos esquecer, que se não existirem pessoas próximas umas das outras, o vírus não sobrevive. É preciso que cada um de nós tenha a plena consciência de que Portugal vive um momento crítico. Estas medidas tomadas agora são a prova de que o país está em agonia e a única forma de o salvar é cumprir integralmente as restrições e as medidas sanitárias.

Todo este sacrifício dos Portugueses deve ter como único objetivo ultrapassar este momento negro da nossa história. A união entre quem manda e quem deve cumprir as regras na íntegra deve ser perfeita para vencermos finalmente esta guerra.