É dia de relembrar os 40 conjurados e o heroísmo da sua acção. Mas é sobretudo um bom pretexto para refletir sobre as obrigações que nós todos temos perante o país e como reagimos quando os seus interesses fundamentais são atacados ou postos em causa. De até onde somos capazes de ir para pôr o colectivo acima do individual, a visão do todo em vez do imediato, a inquietude coerente e construtiva ao serviço de Portugal. O sermos a inteira força e o exemplo inteiro como disse Fernando Pessoa de D. Afonso Henriques.

Se naquele dia se recuperou a independência face ao domínio espanhol, numa luta que duraria ainda 29 anos a ser concluída, temos hoje nós a responsabilidade perante o futuro de impulsionar a resposta a quatro perguntas: quem, quantos e como serão os portugueses, que território será o nosso e como nos integraremos nele num futuro próximo. É também por aqui que passa e se constrói a Identidade Nacional.

Sendo fundamental preservar e valorizar a nossa memória colectiva, é prioridade nacional a inversão ou o travar o desequilíbrio demográfico e a baixíssima taxa de natalidade e a construção de uma reserva de soberania em vários domínios, nomeadamente ao nível das matérias-primas e subsidiárias que nos salvaguarde e torne menos dependentes do exterior em fases críticas como a que atravessamos e que garanta o bem estar da população. Reforçada com os benefícios que a transição energética nos trará e apostando numa reestruturação da Agricultura como modo de produção mas também como fixação de populações e desenvolvimento local. Com realismo, sabendo da mais valia que é a nossa situação geográfica e o nosso capital de ligação entre o Atlântico sul e o continente europeu.

Se em 1640 a escolha foi entre a pertença a um grande espaço governado por uma potência estrangeira ou a independência, hoje será entre um projecto europeu de carácter federalista onde a vontade individual dos Estados membros vai perdendo gradualmente importância ou uma Europa das Nações com limites na cedência de soberania e com base em instituições nacionais democraticamente eleitas que defendam a autonomia de cada um, cooperando entre si, e que preservem e salvaguardem as suas raízes identitárias.

O portugueses que seremos é muito mais do que um número. É uma forma de ser. E é também por isso que é este o momento para refletir em conjunto, reunindo interlocutores válidos de vários quadrantes e representativos da sociedade civil em prol do bem comum e da sustentabilidade do país: fazer pensar Portugal naquilo que lhe é e será estrutural, propor uma Pacto Nacional para a Educação assente nos pilares do conhecimento, do desenvolvimento cognitivo e dos valores que queremos como nossos. A grande revolução que está por fazer. Difícil e decisiva. É nisso que devemos acreditar neste dia da Independência.

E na língua portuguesa, sempre.

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